Visita de premiê japonês é aposta para carne brasileira
maio, 03, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202417
O governo quer aproveitar a visita do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, para tentar destravar a resistência dos asiáticos à carne bovina brasileira. Também estão na pauta do encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje (3), o anúncio de uma cooperação no programa federal de recuperação de terras degradadas, a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e o acordo comercial entre Japão e Mercosul.
Kishida chegou ao paíscom uma delegação que conta com 35 lideranças empresariais. O Japão é o oitavo país com mais investimentos estrangeiros no Brasil e o segundo parceiro comercial na Ásia, superado apenas pela China. O fluxo de comércio bilateral está na casa dos US$ 11 bilhões – número que o governo brasileiro quer aumentar.
Uma parte importante deste objetivo passa pela abertura do mercado japonês para a carne bovina brasileira. Atualmente, o Japão importa algo como US$ 4 bilhões por ano, o que representa 70% do seu consumo interno. A maior parte deste volume vem dos Estados Unidos e da Austrália, enquanto a carne brasileira ainda tem restrições sanitárias.
Secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, o embaixador Eduardo Saboia disse ontem que o anúncio da abertura do mercado seria uma boa notícia, mas não deu indícios de que isso vá acontecer durante a visita de Kishida. “Essa é uma boa pergunta para fazer aos japoneses, nós estamos prontos [para vender]”, disse.
O diplomata lembrou que o Brasil poderia competir no mercado japonês mesmo pagando taxas de importação superiores àquelas cobradas dos atuais fornecedores. Também afirmou que a diversificação das compras poderia ajudar o Japão a controlar a inflação de alimentos, que chegou recentemente a 8% ao ano, patamar considerado muito elevado para os padrões locais.
Segundo Saboia, Lula e Kishida também devem conversar sobre investimentos japoneses na nova industrialização brasileira e em empreendimentos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). O Japão deve anunciar a sua participação no programa brasileiro que visa a recuperação de 12 milhões de hectares de terras degradadas. Ainda não há detalhes sobre como essa participação vai funcionar.
Também poderão ser debatidos, segundo o Itamaraty, aportes no Fundo Amazônia. O embaixador lembrou que o Japão foi o primeiro país asiático a colocar recursos no fundo, US$ 14 milhões. “É pouco”, disse Saboia, ao sugerir que novas contribuições podem ser discutidas.
Kishida é o primeiro líder japonês a visitar o Brasil em dez anos. Ele passa a manhã com Lula no Palácio do Planalto, em uma reunião ampliada, assinatura de atos e declaração à imprensa. Em seguida, será recebido em almoço no Palácio do Itamaraty. De lá, segue para o Paraguai e retorna ao Brasil no sábado para eventos empresariais em São Paulo.
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