VLI se prepara para Ferrogrão e se compromete com logística do Arco Norte
abr, 19, 2021 Postado porandrew_lorimerSemana202117
A operadora ferroviária VLI Logística se prepara para participar do leilão do Ferrogrão, obra do governo federal avaliada em mais de um bilhão de reais para a construção de uma ferrovia ligando o Centro-Oeste do Brasil ao Pará. Segundo o presidente da empresa, Ernesto Pousada, o objetívo da empresa é consolidar sua presença no corredor de escoamento agrícola pela região Norte do Brasil.
“Ferrogrão será um projeto muito competitivo; estamos estudando em profundidade. No momento, estamos fazendo uma avaliação interna enquanto pesquisamos possíveis parceiros para formar um consórcio, conforme necessário. É um empreendimento de grande porte que vai exigir diferentes níveis de especialização ”, afirma Pousada. Os acionistas do grupo são Vale, Mitsui, FI-FGTS, BNDES Participações e Brookfield.
Não há data marcada para o leilão do Ferrogrão; ainda terá que superar uma série de obstáculos para decolar. O projeto está temporariamente paralisado devido a uma liminar do Supremo Tribunal Federal. Há também o risco de questionamento do Tribunal de Contas da União (TCU), que precisará homologar o edital. Apesar das críticas, o governo federal está priorizando o projeto.
Nesse ínterim, o terminal da VLI em Santos, o TIPLAM, continua desempenhando um papel importante na empresa. Dados da Datamar mostram que os principais produtos que passam pelo terminal são soja e açúcar.
A movimentação no terminal aumentou em 2020 em comparação com 2019, com um maior número de escalas de navios. Até agora, em 2021, o número de escalas de navios está no mesmo nível de 2020.
Com ou sem Ferrogrão, a VLI definiu o Arco Norte como prioridade em seu planejamento estratégico. É ainda mais prioritário com a renovação antecipada do contrato da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), que está em discussão e deve ocorrer em 2022. “Estamos focando na ampliação da FCA, mas o plano principal é o crescimento na região Norte. É nosso foco; é para onde queremos ir ”, afirma Pousada.
Hoje, a empresa opera duas concessões: a FCA e o trecho norte da Ferrovia Norte-Sul (entre Tocantins e Maranhão), onde a empresa já mantém operações de escoamento do agronegócio. Nessa rota, a carga sobe pelo Norte-Sul, passa pela Estrada de Ferro Carajás, detida pela Vale (maior acionista da VLI), e chega ao porto de Itaqui (MA).
Segundo Pousada, nos últimos cinco anos, a VLI investiu R$ 997,6 milhões na região Norte-Sul. Para os próximos três anos, o plano é investir R$ 700 milhões, principalmente na aquisição de material rodante e ampliação dos terminais. Os investimentos estão listados em contrato, mas alguns serão acelerados para garantir a capacidade do corredor.
Outros projetos na região a serem estudados são a FICO (ferrovia de integração centro-oeste), entre Mato Grosso e Goiás, e os trechos 2 e 3 da FIOL (ferrovia de integração oeste-leste), da Bahia ao Tocantins. Ambas as ferrovias se interligarão à Ferrovia Norte-Sul. O governo federal cogita a licitação dos trechos em blocos para formar mais um corredor de escoamento agrícola do Centro-Oeste ao litoral baiano. No entanto, a modelagem e o prazo para o edital ainda não foram definidos.
“Estamos nos primeiros estágios de análise desse projeto. A FICO é uma ferrovia que nos interessa muito. Se houver um corredor FICO-FIOL, exploraremos o potencial e, com o tempo, tomaremos a decisão. Primeiramente, estamos interessados porque são ferrovias que levam ao norte. O norte é o futuro; é o Norte que vai mudar a logística brasileira. Além do Mato Grosso, a região do Matopiba [Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia] também será beneficiada com a expansão ”, afirmou Pousada.
Ele afirmou ainda que o governo federal está liderando as negociações para a renovação acelerada do contrato da FCA. O objetivo da empresa é renovar o contrato por mais 30 anos contra R$ 13,8 bilhões em investimentos e uma concessão de R$ 3,3 bilhões – os valores ainda estão em discussão.
As discussões, no entanto, devem ser difíceis. A dificuldade é que se trata de uma extensa malha de 7.220 km que atravessa sete estados: Bahia, Sergipe, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. No início deste ano, audiências públicas foram realizadas onde perguntas foram feitas e uma aparente disputa surgiu entre os estados geradores de recursos. O Ministério da Infraestrutura planeja encerrar o processo no próximo ano.
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