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Volks inaugura fábrica de caminhão na Argentina

maio, 15, 2024 Postado porGabriel Malheiros

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A Volkswagen inaugurou, nesta terça-feira (14), a sua primeira fábrica de caminhões e ônibus na Argentina. A unidade vai funcionar num espaço no mesmo terreno de uma fábrica do próprio grupo Volkswagen na província de Cordoba que já produz transmissões de automóveis para exportação. Segundo Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, com produção local a empresa terá chances de expandir a venda de veículos comerciais, pois estará livre de amarras como licenças de importação, que se tornaram comuns no país vizinho.

Anunciada no fim de 2022, um ano antes da eleição que conduziu o liberal Javier Milei à presidência da Argentina, a nova fábrica foi erguida com parte do último plano de investimentos – de R$ 2 bilhões entre 2021 e 2025. A empresa não divulga quantos recursos foram aplicados nessa operação, que começará de forma modesta, com apenas 100 empregados que montarão caminhões e ônibus com peças importadas do Brasil.

No futuro, no entanto, o plano é ter em Cordoba uma operação muito semelhante à que a Volks tem em Resende (RJ). Inaugurada em novembro de 1996, a unidade de Resende tornou-se uma referência do método de produção chamado consórcio modular, por meio do qual os fornecedores dos conjuntos de componentes operam dentro da própria linha de montagem.

A crise que os argentinos ainda enfrentam não é motivo para não investir no país, segundo Cortes. “A gente sabe que nos países emergentes existem oscilações, os governos vão e vêm. Mas a gente olha o ciclo e a região é um lugar bom para se fazer negócios”, destaca.

O executivo aponta o potencial do país em aspectos como o do agronegócio e, segundo ele, as medidas liberais de Milei têm sido bem aceitas “teoricamente e tecnicamente”. “Durante a minha carreira na indústria automobilística eu já passei por 19 crises [no Brasil]. A gente aprende a lidar com os problemas estruturais e tenta gerenciar os conjunturais”, afirma Cortes.

O passo da Volks Caminhões e Ônibus atende ao plano da companhia de internacionalizar uma operação que acabou fazendo do Brasil a sua sede. Tudo começou em novembro de 1996 com a inauguração da fábrica de Resende.

O método de produção implantado na unidade colocou os principais fornecedores para montar os conjuntos de componentes dentro da própria linha de montagem dos veículos. O chamado consórcio modular acabou por se tornar uma referência e fez com que a operação brasileira passasse a ser a sede global da Volkswagen Caminhões e Ônibus, tendo Cortes à frente. Hoje a Volkswagen Caminhões e Ônibus faz parte da TRATON, que é do grupo Volks.

Segundo o executivo, o plano de internacionalização prevê que a companhia tenha mais fábricas fora do Brasil, em países cujos perfis tenham as mesmas características do mercado brasileiro. A empresa já tem uma fábrica no México, uma na África do Sul e uma pequena linha de montagem nas Filipinas. O objetivo é ter novas na África, Oriente Médio e até Ásia.

O exterior, segundo ele, representa hoje em torno de 15% dos negócios. A ideia é chegar a 25%. “A Argentina sempre foi o principal mercado fora do Brasil. Já estamos nele há 25 anos. Faltava apenas ter uma fábrica”.

Cortes passou o dia, ontem, com integrantes da equipe econômica do governo argentino, incluindo Luis Caputo, ministro da Economia. Segundo ele, nada foi pedido a eles. O encontro serviu apenas para oficializar o início da produção, nesta terça-feira, que será marcado por uma cerimônia com a presença de autoridades do governo de Cordoba.

Na Argentina serão produzidos cinco modelos de caminhões e ônibus. A projeção inicial é de produção de 800 unidades neste ano, mas a capacidade permitirá chegar a 2,7 mil. A fábrica de Resende continuará, no entanto, exportando veículos completos para completar a oferta de produtos no mercado vizinho.

Enquanto cuida dos planos de internacionalização da operação da companhia que comanda, Cortes comemora o início da recuperação do mercado brasileiro de veículos comerciais.

A produção de caminhões cresceu 34% de janeiro a abril, num sinal, lembra o executivo, de que o consumidor começou a aceitar o aumento de preços provocado pela transição da legislação de emissões.

Com a obrigatoriedade de que todos os caminhões e ônibus produzidos no país desde janeiro de 2023 sigam a fase chamada Euro 6, os veículos receberam mais equipamentos de controle de emissões, o que os tornou mais caros. Isso provocou uma estagnação nas vendas em 2023.

Mas, agora, diz o executivo, a tendência de queda nos juros ajuda o setor. Cortes segue a previsão dos representantes do setor de que a produção em 2024 vai crescer em torno de 14% “É um bom número”, destaca.

Fonte: Valor Econômico

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