Comércio entre Brasil e Oriente Médio representa 6,5% do volume total de TEUs
jun, 17, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202026
Em webinar promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira em maio, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, se comprometeu a ajudar a melhorar o fluxo de comércio e investimentos entre o Brasil e os países árabes, inclusive com a criação de uma linha marítima direta entre o país e a região. Mas há volume de cargas suficiente que justifiquem a criação de um serviço exclusivo?
O Oriente Médio já representa uma parte importante no contexto mundial, já que os 15 países que representam esta região são responsáveis por 6,5% do volume de fluxo de contêineres do mundo. Se o bloco fosse um único país, ele teria o terceiro maior volume mundial, atrás apenas da China (28,5%) e dos EUA (6,9%).
Para o Brasil, o volume negociado com a região também é bastante expressivo. O Oriente Médio é responsável por 6,5% do volume total de TEUs importados e exportados (10% na exportação e 2% na importação) pelo país. Como base de comparação, a China representa 22% e os EUA 13% do volume de TEUs importados e exportados pelo país.
O gráfico a seguir mostra os principais destinos das exportações brasileiras nos primeiros quatro meses de 2020:
De acordo com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em 2019, os países árabes passaram a ser o terceiro maior destino das exportações brasileiras. Em 2018, a região ocupava o quinto lugar no ranking de compradores internacionais do Brasil, com US$ 11,4 bilhões em importações, e em 2019 ela galgou duas posições, com importações de US$ 12,1 bilhões.
O aumento nas exportações do Brasil para os países da Liga Árabe foi de 6,3% em 2019 sobre 2018. Juntos, os países árabes ficaram atrás apenas da China e dos Estados Unidos como destino dos produtos brasileiros no ano passado, enquanto que no ano anterior estavam atrás também de Argentina e Holanda, além de China e Estados Unidos.
Apesar disso, ainda não há uma linha marítima direta entre o Brasil e o Oriente Médio. Atualmente, o comércio exterior marítimo com a região é atendido principalmente pelos serviços do Trade Brasil-Europa, onde quatro serviços (MED-SAEC/MSE, NEO BOSSA/SIRIUS, PLATE EXPRESS e NWC/ECX) transportam 92% do volume total.
De acordo com a Câmara Árabe, a entidade vem trabalhando em parceria com a União das Câmaras Árabes na formulação de uma estratégia para que a criação de uma linha marítima direta, o que deve encurtar o custo do transporte e o tempo de entrega das mercadorias. Um estudo começou a ser feito na área e um seminário sobre o tema estava previsto para ocorrer neste ano em Alexandria, no Egito.
No webinar, Mourão se propôs a buscar os portos mais interessantes para a chegada de produtos árabes no Brasil e saída de produtos brasileiros para o mercado árabe. Mourão disse que é preciso sair do terreno da conversa e sentar para ver o que é preciso ser feito e sugeriu, inclusive, que o ministro da Casa Civil, Braga Netto, fosse envolvido no assunto.
Embora o governo possa facilitar o comércio entre países com acordos bilaterais, a decisão de uma nova rota marítima cabe aos armadores. Dados do DataLiner apontam que ainda não há um volume suficiente que justifique uma criação de rota direta entre Brasil e Oriente Médio, já que os volumes acumulados em 2020 estão no mesmo patamar de 2019, ou seja, 6,1% do volume brasileiro total.
Além disso, este volume compõe 16% dos serviços Europa e a criação de uma rota direta faria com que os navios deste trade tivessem menor volume.
Dados do DataLiner apontam que os 81% dos produtos exportados pelo Brasil ao Oriente Médio são concentrados em quatro categorias: alimentos, principalmente carnes (59% do volume Brasil-Oriente Médio), papel e celulose (10%), madeira e carvão (8%) e algodão (6%).
O gráfico a seguir mostra os principais produtos exportados pelo Brasil ao Oriente Médio nos quatro primeiros meses de 2019 e 2020:
Já as nossas importações da região estão mais pulverizadas e com menor representatividade (19% do volume Brasil/Oriente Médio). Os destaques são: Plástico e Derivados (30%), Químicos (11%), Sal, gesso, cimento (10%) e Metais (9%). Ainda segundo as informações do DataLiner, dos países que compõem o Oriente Médio, três se destacam no fluxo de cargas com o Brasil: Arábia Saudita, com 25% do volume, Emirados Árabes, com 24% do volume e Turquia, com 18% do volume. Os volumes restantes (33%) estão divididos em 10 países. Vale destacar que não há fluxo de cargas entre o Brasil e o Afeganistão e o Líbano. (Para solicitar um demo do DataLiner clique aqui)
Com informações da Agência de Notícias Brasil-Árabe
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