APM Terminals quer aumentar operação em Santos
out, 01, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202040
Segundo o CEO da APM Terminals na América Latina, Leo Huisman, a empresa, que é subsidiária da dinamarquesa Maersk, quer aumentar sua operação no Porto de Santos e para isso tem acompanhando de perto as oportunidades envolvendo um novo terminal de contêineres em Saboó. O executivo concedeu entrevista exclusiva ao Broadcast do Estadão sobre o tema.
O projeto para o novo terminal está inserido no Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do Porto de Santos. A área a ser ofertada ao mercado fica ao lado das instalações da Brasil Terminal Portuário (BTP), que é sócia da APM. O grupo planeja pegar carona nos planos ambiciosos para o Porto de Santos e vislumbra criar um hub capaz de, no futuro, receber embarcações cada vez maiores.
“Há um desejo de aumentar nossas operações em Santos. Acreditamos que é uma necessidade, mas estamos em um momento difícil”, disse. Ele explicou que os avanços nas estruturas portuárias dependem de tecnologia internacional e que, por causa do Real desvalorizado, os projetos acabam se tornando muito mais complexos.
Hoje, a estrutura da BTP opera na capacidade máxima em Santos. “Todos esperam que a área de Saboó será leiloada. Vamos ver se podemos e devemos participar”. Os estudos para a área ainda estão em uma fase embrionária na autoridade portuária (SPA) e não há um calendário para o projeto.
“Daqui uns cinco ou 10 anos, Santos vai ter condições de receber navios maiores. Quando essas embarcações grandes chegam, elas não param em todos os portos. Elas precisam de hubs para distribuir a carga”, disse.
Hoje, o terminal da BTP tem capacidade de 1,7 milhão de TEUs por ano. Para receber as embarcações maiores, a capacidade terá de chegar perto de 3 milhões de TEUs. “Não é para amanhã. Não é para o ano que vem, mas sabemos que gostaríamos de melhorar os serviços para embarcações maiores”, disse. De janeiro a agosto, a BTP movimentou 689.089 contêineres, alta de 13% na comparação anual. O ganho veio ante o bom momento para as exportações, que avançaram 38% no período, sustentadas por commodities e proteína animal.
O Porto de Santos comporta atualmente embarcações de até 340 metros. A Santos Port Authority estuda liberar nos próximos meses o fluxo de embarcações com 366 metros. O projeto passa por avaliação para a homologação por parte da Marinha. O próprio porto vê a aprovação como um passo importante rumo à consolidação como um hub.
A entrada da APM na disputa por Saboó, entretanto, ainda é cheia de incertezas. Em leilão recente de dois terminais de celulose, a Suzano acabou ficando de fora por causa de uma regra do edital para evitar a concentração de mais de 40% da movimentação e armazenagem de celulose com um único operador. Com mais um terminal, a Suzano poderia responder por 70% de participação. “A questão é: onde será feita a distribuição principal no Brasil? Idealmente se faz em um grande mercado como Santos. Mas se Santos não puder oferecer a estrutura, as embarcações vão para outros lugares no País”.
O grupo monitora de perto o mercado brasileiro. Huisman explicou que enquanto as movimentações de contêiner devem recuar em até 30% na América Latina, sobretudo em países como Panamá e Argentina, o Brasil vai conseguir entregar um crescimento de até 4% neste ano. “Sabíamos que o impacto seria grande. Muitas economias se fecharam. O que nos pegou um pouco de surpresa foram as infecções por covid-19 significativamente maiores na América Latina”, disse.
Enquanto a empresa registrou uma queda na casa de 20% no volume no segundo trimestre na região, hoje a operação não consegue atender toda a demanda por transporte. Entre os motores puxando essa procura está o mercado chinês. “No momento estamos tendo mais demanda do que a gente consegue entregar, sim. Porque não é possível dividir igualmente a demanda durante todo o ano. Era previsível que isso iria acontecer, que viria uma grande procura. Vimos isso em outras crises”.
No Brasil, a sustentação veio do gigantismo do agronegócio, cujas exportações de frutas e proteína animal mais do que compensaram a derrocada nas importações, sobretudo do setor automobilístico.
Apesar do olhar atento ao País, a APM não tem planos para novos projetos e quer ampliar o portfólio já existente. Além da parceria com a BTP, a empresa também é arrendatária de terminais em Pecém (CE), com foco na exportação de frutas, e Itajaí (SC), além de uma participação em Itapoá (SC).
Fonte: Estadão
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