Agronegócio quer maior espaço para operações no Porto de Santos
jul, 15, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202128
Santos é a principal rota para o escoamento do agronegócio brasileiro. É responsável também pelo desembarque de insumos necessários para a produção nacional, um dos alicerces da economia nacional. Porém, gargalos operacionais, como falta de espaço em terminais, e de infraestrutura, que incluem problemas nos acessos, acendem sinal de alerta para a sustentabilidade do negócio nos próximos anos.
“Chegando em Santos, temos dificuldades de conexão com os terminais de embarque, a mesma dificuldade que todos os outros exportadores têm. E faz com que tenhamos que parar o trem em um terminal e, a partir dali, fazer movimentação rodoviária, que encarece a exportação. Muitas vezes, a viabilidade que se tinha para a carga se perde porque não tem como depositar a carga no terminal de embarque na descida do trem”, afirmou o gerente executivo de Logística Internacional da JBS, Clóvis Wessling.
Segundo o executivo, o Porto de Santos é o de maior representação para o grupo no País. No ano passado, foi movimentada uma média mensal de 2.433 contêineres no cais santista.
Porém, para a exportação de proteína animal, segundo Wessling, há questões que atrapalham ou inibem o crescimento das operações pelo Porto de Santos. A limitação de espaço em terminais e a baixa quantidade de tomadas para contêineres refrigerados estão na lista.
Como resultado, o executivo da JBS aponta a impossibilidade de depositar carga com antecedência, o que gera fila e demora na entrega de contêineres.
“O crescimento no Porto de Santos é constante, vem de 2014 pra cá ano a ano, com crescimento ano a ano com projeção ainda maior. Porém, com sérios riscos de nós criarmos gargalos operacionais e não termos mais capacidade de escoar como gostaríamos num porto que, obviamente, está mais perto da nossa produção”, afirmou o executivo da JBS.
Fertilizantes
Se as exportações de commodities são importantes para o País e para o Porto de Santos, as importações de insumos necessários para o agronegócio tem destaque na economia nacional.
Quem garante é o diretor de Compras Diretas na Yara International, Gustavo Zaitune. “É muito relevante para nós olhar sempre para Santos como um dos principais portos, sem dúvida, que vão abastecer hoje e no futuro o Brasil, já que a produção infelizmente pouco cresce por conta do ambiente competitivo, do custo do gás natural, de algumas restrições quanto à reserva mineral. A gente cresce muito com importações”.
Por outro lado, para o executivo, garantir conexões ferroviárias e aproveitar todos os espaços do cais santista são fundamentais para torná-lo mais competitivo. Uma dessas questões inclui a oferta de terminais para a movimentação de fertilizantes no complexo santista.
“O Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) vem pra trazer uma ordenação no que tange a organização do Porto. Sem dúvida alguma contribui. A gente entende que existem alguns pontos de atenção e a gente tem que cuidar para que Margem Direita continue sendo alternativa. É, sem dúvida, a válvula de escape para os fertilizantes”, afirmou Gustavo Zaitune.
Terminal
O Porto de Santos deixa de escoar parte da carga de fertilizantes de sua hinterlândia primária por falta de capacidade, reconhece a Autoridade Portuária de Santos (APS). Por este motivo, para reverter este cenário, a APS modelou um novo terminal dedicado ao produto – o STS 53, a ser instalado em Outerinhos.
Os estudos sobre a nova instalação foram enviados à Empresa de Planejamento e Logística (EPL, do Ministério da Infraestrutura) em maio do ano passado.
De acordo com a Autoridade Portuária, “em sua plena capacidade, o terminal contribuirá para que Santos amplie o share ferroviário de 31% para 70% para granéis minerais de importação (fertilizantes, sal e outros)”.
Atualmente, o Porto pode operar 9,5 milhões de toneladas de granéis minerais de importação (fertilizantes, sal e outros). Com os investimentos previstos, essa capacidade aumentará em 74%, chegando a 16,5 milhões de toneladas. A questão da falta de berços para navios de fertilizantes é debatida na APS desde 2019. Nesse ano, modificações no regramento do Porto viabilizaram operações de fertilizantes em trechos ociosos do cais.
Fonte: A Tribuna
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