Risco da Evergrande para o Brasil está ligado à demanda chinesa por minério de ferro
set, 21, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202137
O caminho à frente após o solavanco que a crise da Evergrande trouxe aos mercados depende de como o governo chinês irá reagir e sua capacidade de gerir a confiança no setor imobiliário chinês. Disso dependerá o nível de desaceleração de crescimento da China em futuro próximo.
Esse compasso, combinado com a consolidação do setor siderúrgico e os efeitos de ajustes regulatórios do governo chinês no mercado imobiliário como um todo, deve afetar a demanda de matérias-primas exportadas pelo Brasil, principalmente minério de ferro.
Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores, diz que o temor nos mercados não acontece à toa, já que a crise envolve a maior estatal chinesa de real estate num país em que a construção civil representa um terço do PIB. Ele também não espera, porém, um efeito como o do Lehman Brothers, já que não há o mesmo endividamento baseado em créditos podres.
O efeito da crise no médio prazo irá depender da reação do governo chinês, o que determinará o nível de crescimento do país asiático e a demanda por matérias-primas, que é, diz, a grande questão para o Brasil.
Para o economista Livio Ribeiro, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economiada Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), o principal canal de contágio para o Brasil neste momento é via minério de ferro.
“Há duas coisas que estão andando paralelamente e que não começaram com Evergrande, mas tem um repique na empresa”, explica. Uma é exatamente o conjunto de políticas de ajuste prudencial no mercado imobiliário tanto do lado da oferta quanto do lado da demanda que estão culminando na desaceleração mais pronunciada da empresa neste momento.
Há também, lembra ele, uma consolidação do setor siderúrgico chinês, que é uma política de longo prazo em desenvolvimento também neste momento. “O quadro resulta numa retração do setor imobiliário, com uma discussão forte sobre se haverá crise de confiança no setor imobiliário chinês, e uma queda na demanda siderúrgica, o que deve levar a preços de minério para baixo.”
Fonte: Valor Econômico
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