Após disparada do frete, varejistas improvisam para abastecer prateleiras a tempo para o Natal
out, 05, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202138
Na esteira da retomada gradual das vendas no comércio— que acumulam alta de 6,6% de janeiro a julho, segundo o IBGE — lojistas encaram uma maratona para garantir prateleiras abastecidas para o primeiro Natal após o avanço da vacinação contra a Covid-19 no país. Confiam no clima de reencontro das famílias para estimular mais compras de presentes, enfeites e alimentos e também estão animados para a Black Friday, em novembro.
Para não faltar nada, estão antecipando importações e ampliando estoques para driblar o nó logístico causado por problemas no transporte marítimo global.
Pesam contra os importados, além do câmbio, a alta de custos em razão do aumento do preço do transporte de contêineres, sobretudo vindos da China, e o atraso em entregas, já que há navios parados em portos abarrotados.
— A situação da navegação, diante do súbito aumento da demanda global é quase a de um pós-guerra — destaca Maurício Lima, especialista em logística do Ilos. — Quando o importador tem de optar por outro modal, o custo encarece ainda mais. E as alternativas em logística vão impactar toda a cadeia. Mais perto da Black Friday haverá pressão sobre caminhões também.
O frete por contêiner disparou. Entre o fim de setembro de 2020 e agora, o preço médio se multiplicou por quatro, para mais de US$ 10.500, segundo dados do Freightos Baltic Index. Há mercados, como o dos EUA, onde o preço médio bateu nos US$ 20 mil.
Para o Brasil, o frete marítimo vindo da China está entre quatro e cinco vezes mais caro, diz Claudio Loureiro de Souza, diretor executivo do Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave). Ele vê no congestionamento de navios um reflexo do aquecimento da demanda global.
Atraso é custo
— Faltam contêineres e navios para dar conta da forte movimentação de carga atual no mundo. Está engarrafado. Os contratos plurianuais, opção de indústrias que precisam de um sistema seguro de abastecimento, têm logística mais complexa, como a automotiva ou os frigoríficos. Estão preservados, com variação quase nula. É no mercado spot, por demanda, que os preços decolaram e onde o varejo costuma contratar — explica.
Atraso também vira custo. Assim, a principal estratégia no comércio tem sido a antecipar pedidos, mesmo sem entrega garantida. Ignacio Sánchez, CEO da Leroy Merlin Brasil, diz que há mercadorias travadas em portos da China, sem previsão saída:
— Já deveríamos ter aqui mais de 90% de algumas linhas importadas da China para o fim de ano. Em agosto e setembro, recebemos só 30%. O problema é que ninguém sabe quando chegam os outros 70%. Ninguém conhece as datas ou os custos. Este é o grande problema, a incerteza.
Fonte: O Globo
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