Supergasbras terá terminal de GLP no Pecém
mar, 24, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202212
Com o preço do botijão de gás disparado e o risco de desabastecimento rondando, a Supergasbras bateu o martelo para investir quase R$ 1 bilhão no que pode ser o primeiro terminal portuário no Nordeste do país para estocagem refrigerada de GLP importado. O acordo foi fechado com o Complexo do Pecém, no Ceará. Há um projeto em andamento da Nacional Gás e Copagaz para construção de um terminal em moldes semelhantes no porto de Suape, em Pernambuco.
Os investimentos são estimados em R$ 920 milhões e o terminal terá capacidade para 43 mil toneladas de GLP – a estimativa é de movimentação anual de 480 mil toneladas. O gás é comprado nos Estados Unidos para distribuição na região Nordeste, altamente dependente de importação. Já é do mercado americano que vem o gás vendido pela Petrobras por ali e que utiliza um navio cisterna no Porto de Suape.
Apesar do momento ser oportuno, a decisão de Supergasbras data de uma estratégia iniciada quase três anos atrás. “Com o início do processo de venda de refinarias pela Petrobras, o mercado começaria a ficar mais pulverizado, com vários players substituindo o que era um fornecedor exclusivo responsável por todo supply”, diz Julio Cardoso, presidente da Supergasbras, ao Pipeline. “A gente tem uma operação grande e achamos um bom momento para investir em infraestrutura e garantir nossas 1,5 milhão de toneladas de GLP no país.”
A companhia é controlada pela holandesa SHV, que é a maior distribuidora mundial de GLP e já tem terminais em outros países, como Inglaterra, França e China. “O grupo também tem a SRM trading, que comercializa de 7 a 8 milhões de toneladas/ano e vamos ter a oportunidade de aproveitar essa expertise para importar o produto para o Brasil”, diz Cardoso.
Só entre o despacho de outro navio da Petrobras para o Ceará a partir do atracado em Suape a companhia estima uma redução de cinco a 10 dias de prazo para disponibilização do gás. Outros distribuidores também poderão utilizar o terminal para suas importações.
O Complexo Portuário de Pecém é controlado pelo governo do Ceará, com 70%, e tem o Porto de Roterdã como sócio desde 2018, com 30%.
Não necessariamente vai ajudar no preço do botijão, já que o custo é pareado com o mercado internacional e por isso dolarizado, mas aumenta a competição no mercado local e afasta o risco de desabastecimento na região, como aconteceu na Paraíba este ano.
“É uma estocagem adicional enorme, que dá garantia de suprimento, e mais perene do que a solução temporário de um navio cisterna”, diz Cardoso. “Não existe nenhum terminal de GLP no Brasil com essa tancagem hoje, é o primeiro terminal em terra.”
Fonte: Pipeline Valor Econômico
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