Desaceleração econômica global começa a rachar exportações chinesas
set, 15, 2022 Postado porGabriel MalheirosSemana202237
As exportações chinesas – consideradas o último pilar de sustentação da segunda maior economia do mundo, que se encontra enfraquecida pelo combate a pandemia, consumo interno deficiente e crise imobiliária – deverão passar por tempos difíceis. Isto ocorre devido à desaceleração dos mercados estrangeiros, o que obrigada exportadores a demitir funcionários, produzir bens de menor valor agregado e até mesmo alugar fábricas para reduzir custos operacionais.
Os alarmes da economia chinesa soaram quando os dados comerciais da semana passada mostraram um crescimento das exportações chinesas bem abaixo das expectativas, indicando desaceleramento pela primeira vez em quatro meses.
Estes alarmes ressoam nas empresas manufatureiras do leste e sul da China, indústrias de peças, têxteis e eletrodomésticos de alta tecnologia, que estão encolhendo a medida que as fontes das exportações secam.
As exportações chinesas hoje são mais vitais do que nunca já que todos os seus outros pilares econômicos do país se encontram em terreno instável. Nie Wen, economista do Hwabao Trust em Xangai, estima que as exportações responderão por 30-40% do crescimento do PIB da China este ano, acima dos 20% do ano passado, mesmo com a desaceleração dos embarques.
“Não tivemos pedidos de exportação nos primeiros oito meses do ano,” disse Yang Bingben, 35, cuja empresa fabrica válvulas de uso industrial no centro de exportação e fabricação de Wenzhou, no leste da China.
Ele vê pouca esperança para o quarto trimestre, normalmente sua temporada mais movimentada, e espera que as vendas este ano caiam de 50 a 65% em relação ao ano passado, com a economia doméstica estagnada incapaz de compensar a queda nas exportações.
Para apoiar o setor, os descontos nos impostos de exportação foram ampliados, e uma reunião do gabinete presidida pelo primeiro-ministro Li Keqiang na terça-feira (13 de setembro) prometeu apoio a exportadores e importadores para garantir a ampliação da carteira de pedidos, expandir mercados e melhorar a eficiência das operações portuárias e logística.
Confira abaixo quais foram os cinco produtos mais exportados da China para o Brasil por percentual de participação em 2022 de janeiro a julho de 2022. Os dados são do DataLiner.
Brazil’s Top 5 Imports from China | Jan – Jul | 2022 | TEUS
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Dependência das exportações
O governo chinês, ao longo dos anos, têm tomado iniciativas para aliviar a dependência econômica de seu país das exportações e reduzir a vulnerabilidade a fatores globais além de seu controle, enquanto algumas manufaturas de baixo custo estão mudando para outros países, como o Vietnã, à medida que a China fica mais rica e seus custos aumentam.
Nos cinco anos anteriores à pandemia, de 2014 a 2019, a participação das exportações no PIB da China encolheu de 23,5% para 18,4%, segundo dados do Banco Mundial.
Mas essa participação voltou a subir com o surgimento do COVID-19, chegando a 20% no ano passado, em parte por que consumidores confinados em casa passaram a comprar mais eletrônicos e utensílios domésticos da China em todo o mundo. Isso também ajudou a impulsionar o crescimento econômico geral da China.
A pandemia voltou a atacar a China este ano, no entanto. Seus esforços rigorosos para conter surtos domésticos de COVID levaram a medidas restritivas que interromperam as cadeias de suprimentos e o transporte de produtos.
No entanto, o fator mais ameaçador para a economia tem sido a desaceleração da demanda externa ocasionada pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. Estes dois fatores, combinados, levaram a altas taxas inflacionários e políticas monetárias mais rígidas que estão oprimindo o crescimento econômico mundial.
Essas reduções colocam ainda mais pressão nos formuladores de políticas públicas que procuram desesperadamente por novas fontes de crescimento em meio ao contexto de um mercado sobrecarregado pela queda no setor imobiliário e rigorosas políticas de tolerância zero ao Covid.
As empresas chinesas envolvidas na exportação e importação de bens e serviços empregam um quinto da força de trabalho da China, fornecendo 180 milhões de empregos.
Alguns exportadores estão ajustando suas operações em resposta à queda econômica, produzindo bens mais baratos, o que também afetará a receita.
Por exemplo, Miao Yujie, que dirige uma empresa de exportação em Hangzhou, leste da China, disse que começou a usar matérias-primas mais baratas e a produzir produtos eletrônicos e roupas de menor valor que atrairiam consumidores preocupados com a inflação e preocupados com os preços.
“Haverá uma grande queda nas exportações no segundo semestre do ano”, disse Miao.
Fonte: Reuters
Para ler o artigo original completo, acesse: https://www.reuters.com/world/china/chinese-economys-export-pillar-shows-cracks-global-slowdown-2022-09-15/?utm_source=Sailthru&utm_medium=newsletter&utm_campaign=daily-briefing&utm_term=09-15-2022
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