Preço da carne exportada cai e afeta mercado de boi
nov, 07, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202245
O preço médio da carne bovina exportada pelo Brasil estão em queda neste segundo semestre, em parte como resultado das renegociações de contratos feitas pelos importadores. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela consultoria Safras & Mercado, a tonelada chegou a atingir o pico de R$ 6,8 mil, em junho, mas, em outubro, a média caiu para R$ 5,9 mil.
O país exportou 152,6 mil toneladas de carne bovina (fresca, refrigerada ou congelada) em junho, quando a receita alcançou R$ 1,4 bilhão. No mês passado, informações preliminares indicam embarques de 188,6 mil toneladas e faturamento de R$ 1,1 bilhão.
“Isso reflete a preocupação com os lockdowns na China, mas também a desvalorização do yuan [moeda chinesa] em relação ao dólar, que enfraquece o poder de compra do maior importador da proteína brasileira”, disse Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, ao Valor.
Segundo ele, a China importará menos carne bovina brasileira no ano que vem porque deverá produzir 400 mil toneladas a mais dessa proteína. “Os chineses estão expandindo sua produção para depender menos de importações, um movimento que já ocorreu com as carnes suína e de frango. As compras do país não serão nos mesmos níveis de 2022”, afirma.
Confira abaixo o histórico do volume de carne bovina (HS 0201 e 0202) exportada pelo Brasil entre janeiro de 2019 e setembro de 2022. Os dados são do DataLiner.
Exportações de carne bovina do Brasil | jan 2019 – set 2022 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Queda no Brasil
Iglesias observa, ainda, que os frigoríficos brasileiros também já estão se reposicionando para lidar com o comportamento do mercado externo, “baixando de forma contundente os valores ofertados pelo boi gordo no interior do Brasil”. O Valor procurou as três maiores empresas do segmento no país – JBS, Marfrig e Minerva -, que não se manifestaram porque estão no período de silêncio que antecede a publicação de resultados trimestrais ou por não poderem comentar estratégias de mercado.
Os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG Pactual, afirmam, em relatório, que a desaceleração dos preços da proteína neste semestre acompanha a virada do ciclo pecuário para um cenário de aumento de oferta. Mas, com o crescimento do volume de embarques, eles acreditam que o quarto trimestre será mais forte para os frigoríficos brasileiros.
“Espera-se que os suprimentos de animais continuem aumentando e que a demanda no exterior permaneça forte. Os grandes players brasileiros de carne bovina parecem bem posicionados para apresentar resultados mais fortes a partir do segundo semestre deste ano”, avaliam.
Para os analistas, a Minerva, a maior exportadora de carne bovina da América do Sul, é a melhor escolha para o investidor porque o crescimento da oferta no Brasil deverá reduzir o impacto da queda de margens nos Estados Unidos. O BTG também recomenda compra de ações da JBS, maior empresa de carne bovina do mundo. Já a Marfrig recebe avaliação neutra do banco porque os resultados da empresa estão mais expostos à carne americana.
No mercado interno, a arroba do boi em Mato Grosso, que atingiu R$ 312,08 no fim de janeiro, agora é negociada por cerca de R$ 240, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Em São Paulo, que concentra plantas exportadoras, os negócios têm sido fechados por pouco mais de R$ 287 por arroba. No fim de março, os preços estavam em R$ 352.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o artigo original completo, acesse: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/11/07/preco-da-carne-exportada-cai-e-afeta-mercado-de-boi.ghtml
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