Cargill vê demanda da China por soja do Brasil abaixo do esperado; investe em processamento
abr, 27, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202320
A demanda da China por soja brasileira está aquém do esperado, o que explica o fato de o país, mesmo com uma safra recorde, não estar batendo máximas mensais de exportação, afirmou o presidente da multinacional no Brasil, Paulo Sousa, à Reuters.
Segundo o presidente da maior exportadora de soja e milho do Brasil, essa situação permite por outro lado que a exportação brasileira de grãos seja mais constante ao longo do ano, reduzindo por ora um estresse no sistema logístico, que vai ser testado pelas safras recordes em 2023.
O lucro líquido da Cargill no Brasil caiu para 1,2 bilhão de reais em 2022, informou a empresa nesta quinta-feira, ante 1,8 bilhão em 2021, por aumento de custos logísticos e de produção.
Já receita operacional líquida da empresa no país aumentou 22% em 2022 para 125,8 bilhões de reais, com impulso do processamento de soja e do aumento da exportação de milho, explicou Sousa.
O executivo preferiu não comentar as razões de a China, maior importadora global, estar comprando menos do que o esperado em 2023, acrescentando ainda que o “cenário pós-pandemia deixou muitas dúvidas”.
Com a menor demanda chinesa, os prêmios da soja brasileira nos portos caíram para mínimas históricas na última semana.
Veja abaixo um gráfico que mostra as exportações de soja do Brasil para a China de janeiro de 2019 a fevereiro de 2023, de acordo com o serviço de dados DataLiner.
Exportações de soja para a China | janeiro 2020 – fevereiro 2023 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Além disso, Sousa comentou que a Cargill no Brasil exportou vários carregamentos de soja brasileira para a Argentina, para atender a demanda do país vizinho cuja safra foi severamente afetada por uma seca. E a tendência é de novas cargas ao longo do ano.
Ele disse ainda que a redução na oferta do vizinho traz mais demanda por farelo e óleo de soja do Brasil, uma vez que a Argentina tradicionalmente é a maior exportadora desses dois produtos.
União Europeia
Uma vez que esteja implantada, uma nova lei da União Europeia contra produtos ligados ao desmatamento efetuado após 2020 pode levar europeus a pagarem mais pelo farelo de soja brasileiro, disse o CEO da Cargill.
Ele lembrou que o detalhamento da lei da União Europeia ainda “não foi aberto”, mas que o Brasil teria “condição de suprir qualquer tipo de demanda sustentável”.
“O que não faz sentido é ter exigência que o Brasil supra um chamado especial a um custo mais baixo, que venda produto específico a preço de commodity, isso não vai acontecer”, afirmou ele.
A União Europeia é a principal importadora de farelo de soja do Brasil, comprando também bons volumes de grão in natura.
“É muito mais fácil fazer um programa de farelo de soja para ser exportado para a França a partir de cooperativas do Paraná (uma região agrícola mais consolidada) do que pegar soja esmagada no oeste baiano. Mas teoricamente, pelo frete, o farelo do oeste baiano chegaria na Europa mais barato”, disse.
Fonte: Money Times
Para ler a matéria original, acesse: https://www.moneytimes.com.br/cargill-ve-demanda-da-china-por-soja-do-brasil-abaixo-do-esperado-investe-em-processamento/
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