Reino Unido busca reativar laços comerciais pós-Brexit com a América Latina
maio, 26, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202324
O Reino Unido espera que a adesão ao tratado comercial Ásia-Pacífico abra mercados para mais negócios na América Latina, o que faz parte de um esforço amplo para reavivar laços com uma região há muito negligenciada por Londres.
Concluindo uma viagem à Colômbia, Chile e Brasil, o secretário de Relações Exteriores, James Cleverly, disse que a troca comercial com o Brasil, avaliada em US$ 2,1 trilhões, “não está tão alta quanto deveria,” em parte devido à falta de entendimento mútuo.
“Algumas empresas britânicas não pensam na América Latina”, disse ele ao Financial Times. “Precisamos ter certeza de que. . . esta se torne uma região presente na lista de desejos das empresas britânicas.”
Embora a América Latina tenha uma população de 664 milhões de pessoas, a região representou apenas 2% das importações do Reino Unido e 2,5% das exportações. “Reconheço que há muito mais a fazer”, disse o secretário. “Devemos ser ambiciosos em relação ao futuro.”
Com este fim, o governo britânico aposta na Parceria Transpacífica Abrangente e Progressiva, cuja adesão foi recentemente negociada em março, juntando-se assim a potências asiáticas como o Japão e Vietnã, bem como nações banhadas pelo Pacífico, como o Chile, Peru, e México. Costa Rica, Equador e Uruguai também aderiram ao acordo comercial.
No entanto, o Reino Unido enfrenta uma competição difícil com a China, cujo apetite voraz por alimentos e minerais durante as últimas duas décadas o tornou o maior parceiro comercial da América do Sul.
As empresas chinesas têm comprado minas de lítio e cobre em toda a região, bem como grande parte da soja e da carne produzidas pelo Brasil e pela Argentina.
Questionado se havia anunciado algum negócio ou acordo de investimento durante sua visita, Cleverly disse que sua viagem “não era sobre simples transações de curto prazo”, mas “para reforçar um relacionamento bilateral sério e realmente importante ao longo prazo”.
Ele também destacou sua viagem à floresta amazônica para visitar um projeto científico e a assinatura de um acordo de parceria climática com o Brasil, com base em £ 80 milhões para ajudar a combater o desmatamento, conforme anunciado este mês pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak.
A visita de uma semana de Cleverly foi a primeira de um ministro das Relações Exteriores do Reino Unido em cinco anos, mas deixando a Argentina, a segunda maior economia da América do Sul, de fora. Uma longa disputa sobre a soberania britânica nas Ilhas Malvinas continua a azedar as relações entre os dois estados.
Jeremy Browne, executivo-chefe do fórum da América Latina Canning House, disse que Cleverly merece crédito por “nadar contra a maré institucional para dar maior atenção à América Latina”, dada uma “óbvia oportunidade comercial pós-Brexit”.
Mas ele ressaltou: “A verdadeira prova será se o secretário de Relações Exteriores e o governo serão capazes de adotar uma perspectiva global mais abrangente, abandonando uma visão limitada dos interesses de política externa e abraçando novas parcerias em regiões do mundo que anteriormente foram negligenciadas, como a América Latina”.
Anteriormente, os esforços de William Hague como secretário de Relações Exteriores em 2010 não foram capazes de para revitalizar o relacionamento com a América Latina e impulsionar os níveis de comércio e investimento. A atualização mais recente das pautas de política externa e defesa do governo, publicada em março, mencionou a América Latina apenas uma vez em um documento de 63 páginas.
Cleverly afirmou que a revisão “não foi concebida como uma espécie de lista de verificação de países e regiões, nem como um guia para observadores”, mas ressaltou a crescente importância da região do Indo-Pacífico, que abrange a costa do Pacífico da América Latina.
Um diplomata sênior da América Latina baseado em Londres saudou o foco renovado do Reino Unido em sua região, mas questionou o quão realistas as aspirações de Londres poderiam ser.
“É notável que talvez o Reino Unido esteja tentando atacar em demasiadas frentes,” disse ele. “Há a questão do Indo-Pacífico, a guerra na Ucrânia, o relacionamento com os EUA e o retorno das relações com a UE. São muitas prioridades.”
Fonte: Financial Times
Para ler a matéria completa, acesse: https://www.ft.com/content/d228e049-043f-41b3-a6dc-319723b0b282
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