Rússia deixa acordo para exportação de grãos da Ucrânia
jul, 17, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202329
Fontes da ONU confirmaram a saída da Rússia do Acordo de Grãos do Mar Negro com efeito imediato, após uma longa disputa sobre a retirada de sanções que afetam as exportações de fertilizantes e alimentos.
Mais de 1.000 carregamentos de milho, trigo, produtos de girassol e outras commodities agrícolas deixaram os portos ucranianos do Mar Negro desde o lançamento da iniciativa em julho do ano passado.
No entanto, os negociadores russos reclamaram que um memorando de entendimento separado (MoU) assinado no mesmo mês – que se comprometeu a superar as barreiras às exportações de alimentos, fertilizantes e outras matérias-primas do país – ainda não foi totalmente implementado.
O porta-voz da Rússia, Dmitry Peskov, disse a repórteres no início de 17 de julho que o país havia informado a Turquia, a Ucrânia e a ONU de suas objeções à extensão do acordo de grãos, com o argumento de que “a parte russa desses acordos do Mar Negro não foi implementada até agora”.
Uma fonte da ONU confirmou que o Centro de Coordenação Conjunta em Istambul recebeu notificação da Rússia de que está se retirando da iniciativa com efeito imediato.
Em março, a Rússia ameaçou se retirar do acordo se não houvesse “progresso tangível na normalização de nossas exportações agrícolas”, citando questões relacionadas a sanções que estavam afetando os pagamentos bancários e a cobertura de seguros.
Os ministros destacaram as exportações de amônia via o gasoduto Tolyatti-Odessa como uma área de preocupação.
Embora o acordo tenha sido eventualmente prorrogado, as tensões persistiram.
O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, disse na semana passada que o secretário-geral havia escrito ao presidente russo Vladimir Putin delineando propostas para implementar o MoU do ano passado.
Dujarric disse que o objetivo principal era “remover as barreiras que afetam as transações financeiras por meio do Banco Agrícola da Rússia, uma grande preocupação expressa pela Federação Russa, e ao mesmo tempo permitir a continuidade do fluxo de grãos ucranianos pelo Mar Negro”.
Mais declarações da ONU e do Ministério das Relações Exteriores da Rússia são esperadas hoje.
Martin Devenish, diretor de conselho e chefe de inteligência corporativa da S-RM, diz que o fim do acordo “não é uma surpresa”.
“A Rússia tem ameaçado sair há meses, com Putin afirmando na televisão russa na última quinta-feira que ‘basta’”, diz ele.
“Serão feitas perguntas sobre quanto dessa postura russa era simplesmente uma jogada de brinkmanship [ estratégia que consiste em forçar uma situação inerentemente perigosa até à iminência de um desastre] e se a ONU poderia ter oferecido mais concessões sobre exportações de fertilizantes e alimentos para trazer Moscou de volta à mesa.”
Os dados da ONU mostram que quase 33 milhões de toneladas de carga foram transportadas da Ucrânia sob a iniciativa, com China, Espanha e Turquia os três maiores importadores de bens. Além disso, 24 dos 1.004 carregamentos foram apoiados pelo Programa Alimentar Mundial da ONU.
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