Brasil prevê exportações de US$ 90 bi para a China, apesar da crise
ago, 21, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202335
O presidente da China, Xi Jinping, desembarca em Joanesburgo para a cúpula do Brics no rastro de um acúmulo de indicadores econômicos em declínio no país nas últimas semanas, que elevam significativamente os riscos para nações em torno do mundo.
O presidente Lula tem razões para estar atento: nada menos de 30% do que o Brasil exportou entre janeiro e julho foi para o mercado chinês, ilustrando o tamanho da exposição ao país asiático.
As notícias ruins na segunda maior economia do mundo começaram com uma mudança de expectativa em torno de expansão robusta, após a suspensão da política de zero covid, por temores de desaceleração severa. As vendas no varejo, a produção industrial e o investimento em ativos fixos cresceram em ritmo mais lento em julho do que no mês anterior. O desemprego entre os jovens atingiu um recorde de 21,3%. Os preços de bom número de produtos caíram e entraram em território deflacionista, prenúncio de menor atividade comercial.
As exportações caíram pelo terceiro mês consecutivo (-14,5% só em julho) e as importações declinaram pelo quinto mês, em outra sinalização de enfraquecimento. Além disso, falências no enorme setor imobiliário, que normalmente impulsiona um quarto da atividade econômica, alimentam a preocupação com contágio para o setor financeiro.
Apesar dessa situação de crise econômica, no governo brasileiro a projeção é de que as exportações continuarão expressivas para seu principal parceiro comercial.
A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Tatiana Prazeres, destaca dois pontos. De um lado, a desaceleração chinesa na China é ponto de atenção para o comercio exterior do Brasil, afinal o mercado chinês é destino de quase um terço do que o país exporta.
De outro lado, ‘há um risco dessas análises colapsistas dominarem o noticiário. Estamos falando de desaceleração na segunda maior economia do mundo, mas que é uma desaceleração para 5%. A China continua puxando o crescimento mundial’. Ou seja, 5% de crescimento chinês é ‘muito importante e positivo” para o Brasil.
Entre janeiro e julho, as exportações brasileiras para a China cresceram 6,9%, puxadas pelas quantidades embarcadas, e somaram US$ 58,7 bilhões. Em comparação, o aumento médio global das exportações foi de 0,2% no mesmo período.
Para o segundo semestre, as perspectivas variam de acordo com a commodity para o mercado chinês. A renda do consumidor chinês não cresce como vinha crescendo e há uma alteração na demanda.
A situação é mais positiva para as commodities alimentares, como milho, carnes de aves, suínos, e para celulose.
Já exportações de commodities como minério de ferro e petróleo podem ser afetadas. Mas a secretária de Comércio Exterior do Mdic estima que em quantidade a exportação de minério de ferro brasileiro continuará bem, graças a sua qualidade (teor de ferro) em relação aos concorrentes.
Nesse cenário, a projeção do governo brasileiro é de que o país poderá fechar o ano com exportações de US$ 90 bilhões para a China, ou 27% de exportações totais de US$ 330 bilhões (US$ 335 bilhões em 2022). A projeção de venda para o mercado chinês é assim de valor idêntico ao do ano passado.
‘Esse é um resultado notável, sobretudo diante da queda de preços das principais commodities (neste ano)’, argumenta Tatiana Prazeres.
A baixa de preços foi de 25% nas exportações de petróleo, de 16% nas vendas de minério de ferro e de 9,6% nas vendas de soja, no acumulado de janeiro a julho.
O gráfico abaixo mostra a movimentação de mercadorias em contêineres, medidas em TEUs, como exportações do Brasil para a China e vice-versa. Os dados são do DataLiner.
Movimentação de contêineres Brasil-China | Jan 2019 – Jun 2023 | TEU
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Com a mudança de patamar do crescimento da economia chinesa, dois pontos estão no radar. De um lado, em tese, a China poderia aumentar investimentos no exterior, para compensar a perda de dinamismo doméstico e diversificar.
De outro lado, se o mercado doméstico tem menos capacidade de absorver bens produzidos no país, suas empresas podem ser ainda mais agressivas para compensar essa situação com vendas no mercado externo turbinadas com subsídios e também com dumping (preços abaixo do valor cobrado pela empresa exportadora em seu mercado doméstico).
Daí o monitoramento sobre eventuais impactos de maior importação procedente da China. Setores siderúrgico e químico no Brasil são especialmente sensíveis a essa situação.
Fonte: Valor Econômico
Para ler a reportagem original completa, acesse: https://valor.globo.com/opiniao/assis-moreira/coluna/brasil-preve-exportacoes-de-us-90-bi-para-a-china-apesar-da-crise.ghtml
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