Produção de milho-pipoca “estoura” no Brasil
nov, 06, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202345
Você sabia que além de ser um dos maiores produtores e exportadores mundiais de milho commodity, o Brasil também é gigante no mercado de milho-pipoca, aquele snack favorito para consumo no cinema ou nas sessões de filmes e séries em casa?
Graças a programas de melhoramento genético das sementes e à tecnificação dos produtores do Mato Grosso, nos últimos 20 anos, a produção do milho-pipoca, opção de rotação de culturas na safrinha, aumentou 135% no país, segundo estimativa da General Mills, fabricantes do milho Yoki.
A área plantada hoje é de mais de 60 mil hectares. A produtividade também cresceu de 50 sacas para quase 100 sacas por hectare e a qualidade deu saltos, com redução dos piruás (grãos que não estouram) e aumento da maciez da pipoca.
Embora, cerca de metade do milho-pipoca seja para o consumo interno, o aumento de produção levou o Brasil ao segundo lugar no ranking mundial de exportação, atrás apenas dos Estados Unidos.
Franciele Caixeta, coordenadora de P&D Agro da General Mills para América Latina, explica que o milho-pipoca (cujo nome científico é Zea mays everta) é uma subespécie do milho amarelo com grão menor, mais redondinho, com maior concentração de amido e água. Ele tem que ser colhido com umidade entre 14% e 17%, num ciclo de cerca de 140 dias. Além disso, é exclusivamente para consumo humano.
Vinicius Ferrari, diretor-presidente da Agrícola Ferrari, diz que, neste ano, devido ao desabastecimento do mercado mundial pela seca na Argentina, a área plantada aumentou para 29 mil hectares para repor o estoque. O milho é semeado em janeiro e a colheita ocorre em maio ou junho.
“A Ferrari, maior produtora mundial de milho-pipoca, funciona como uma cooperativa: distribui semente, insumos, dá assistência técnica ao produtor e contrata toda a produção. Geralmente, metade da produção fica no Brasil e a outra é exportada para mais de 40 países da Ásia, Oriente Médio, Américas e um pouco para Portugal”, diz Vinicius, acrescentando que neste ano, de 65% a 68% da colheita vai para exportação.
Há 25 anos, o Brasil importava 80% do que consumia. A empresa de 37 anos que só trabalha com culturas alternativas viu uma oportunidade de mercado na produção e comercialização do milho-pipoca e trouxe as primeiras sementes dos Estados Unidos para cultivo no Rio Grande do Sul. Em 2004, transferiu a produção para parceiros no Mato Grosso.
Na primeira safra no Cerrado, a Ferrari colheu uma média de 55 sacas a 60 kg por hectare. Hoje, a produtividade já passa de 100 sacas, com picos de 128 sacas. Segundo Vinicius, o produtor de milho-pipoca tem que ser muito profissional e ter acesso às tecnologias porque a cultura exige um manejo diferenciado do milho comum, com pelo menos o dobro de aplicações de inseticida e fungicida.
“A planta é mais doce e atrai muitas cigarrinhas e outras pragas. Se não tiver experiência com a cultura e acesso às tecnologias, o agricultor colhe muito pouco e planta uma safra só”, diz Vinicius, que também é produtor, mas em alguns anos opta por não plantar milho-pipoca. Ele relata que, para ter mais segurança de rentabilidade com a cultura, é preciso plantar na janela ideal, fazer rodízio de áreas e escolher uma área da fazenda mais protegida em relação à ocorrência de pragas.
O preço é balizado pelo milho mais comum. No ano passado, a saca de 60 kg do tipo pipoca rendeu aos produtores contratados cerca de R$ 145, enquanto o milho ração alcançou R$ 100. Com a queda atual do milho, no mercado futuro, o pipoca está sendo negociado a 97 reais.
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