Regras de Comércio

UE de olho no Mercosul – e no hidrogênio verde no Piauí

nov, 21, 2023 Postado porSylvia Schandert

Semana202343

A conversa telefônica entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na segunda-feira, procurou mostrar o interesse em acelerar a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE).

O contato já estava previsto, mas passou a ter outro peso depois da forte vitória de Javier Milei para a presidência da Argentina no domingo.

Em nota sobre a conversa entre Lula e Ursula von der Leyen, o governo brasileiro destacou que ‘ocupa a presidência do Mercosul até o dia 7 de dezembro, e tem discutido com a União Europeia os pontos finais do acordo entre os dois blocos’.

Nesse contexto de ‘risco Milei’ e tentativa de fechar o acordo até 7 de dezembro, duas questões persistem:

Primeiro, o governo de Alberto Fernández se sente ainda com mandato para negociar o que quer que seja, quando tem menos de 20 dias no poder?

Segundo, o governo Fernández quer realmente esse acordo com a UE? Segundo importantes interlocutores, a Argentina é o país que apresenta as demandas mais difíceis e que não facilitam as barganhas.

Mas o interesse da presidente da Comissão Europeia, ontem, não foi apenas sobre o Mercosul. Um enorme projeto de hidrogênio verde no Piauí chamou sua atenção e fez parte de seu discurso de abertura da Semana Europeia do Hidrogenio, em Bruxelas.

Ursula von der Leyen disse que estava anunciando com Lula o apoio da União Europeia para a construção de um dos maiores projetos de hidrogênio do mundo, no estado do Piauí. ‘Ele faz parte de um investimento de 2 billhões de euros da Global Gateway na cadeia de valor do hidrogênio no Brasil’, disse ela. O Global Gateway é o instrumento europeu para contrapor-se à Nova Rota da Seda da China, o grande projeto de Pequim para reforçar sua influência globalmente.

Esse novo Parque de Energia Verde no Piauí será uma instalação de produção de 10 GW para hidrogênio e amônia limpos, que serão enviados para a ilha de Krk, na Croácia. De lá, o hidrogênio produzido no Piauí será transportado para atender a fornecedores industriais no sudeste da Europa. ‘E, paralelamente, esse projeto criará empregos locais e cadeias de valor no Brasil’, disse.

Rafael Fonteles, o governador do Piauí, que está em Bruxelas, tem destacado que as condições naturais, como calor, vento e água, tornam o Piauí um ativo estratégico para se tornar um dos maiores produtores mundiais desse novo combustível limpo.

A participação no projeto no Piauí entra na estratégia europeia para desenvolver um mercado global para o hidrogênio limpo. A UE já assinamos parcerias de hidrogênio com países que vão desde o Egito, Quênia e Namíbia até países da América Latina. E ‘novas e empolgantes iniciativas verão a luz e serão discutidas’ com o Cazaquistão, a Austrália e Omã.

Para Ursula von der Leyen, isso mostra que a Europa não é apenas uma pioneira do hidrogênio limpo, mas também uma parceira para construir um mercado mundial de hidrogênio.

Como ela destaca, a economia do hidrogênio está florescendo. Relatou que os primeiros ônibus a hidrogênio estão rodando em cidades europeias, de Riga a Barcelona. As obras de construção acabaram de começar no Porto de Roterdã, para construir uma rede de hidrogênio que se estenderá por mais de mil quilômetros. E semanas atrás, o primeiro avião do mundo movido a hidrogênio líquido cruzou os céus da Eslovênia.

A Comissão Europeia autorizou mais de 17 bilhões de euros em auxílios estatais para cerca de 80 projetos de hidrogênio no bloco comunitário. O chamado Banco Europeu de Hidrogênio tem mais recursos para emprestar.

Fonte: Valor Econômico

Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/opiniao/assis-moreira/coluna/ue-de-olho-no-mercosul-e-no-hidrogenio-verde-no-piaui.ghtml

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