Grãos

Demanda extra de óleo de soja por biodiesel no Brasil em 2024 não parece ser tão “altista”

dez, 27, 2023 Postado porGabriel Malheiros

Semana202347

O aumento da mistura de biodiesel no diesel do Brasil a partir de março de 2024, de 12% para 14%, vai assegurar uma demanda adicional considerável de cerca de 5 milhões de toneladas de soja para a produção da principal matéria-prima do combustível renovável, o óleo de soja, mas há fatores limitando o impacto nos preços, pelo menos por enquanto, segundo especialistas.

Em um cenário de quebra da safra brasileira de soja, que responde por cerca de 70% da matéria-prima do biocombustível no Brasil, poderia ser imaginado um mercado mais firme, caso a produção se deteriore mais por conta do tempo seco.

Contudo, a indústria considera uma exportação menor de óleo de soja do Brasil no ano que vem, com parte do produto antes exportado sendo redirecionado para atender a demanda interna da indústria do biocombustível. Isso limita a procura pelo grão e compensa parcialmente o aumento do processamento esperado pelo maior volume de biocombustível produzido.

Com o deslocamento do óleo antes exportado pelo Brasil para o mercado interno, o processamento adicional de soja em 2024 deve ficar, portanto, entre 1 milhão e 2 milhões de toneladas, na avaliação do analista de Grãos e Oleaginosas da hEDGEpoint Global Markets, Pedro Schicchi, já considerando o aumento da mistura de biodiesel.

Esses volumes de até 2 milhões de toneladas são relativamente pequenos, comparativamente ao tamanho da safra brasileira, ainda que em 2023/24 ela possa ficar um pouco abaixo dos patamares recordes de 2022/23, que variam em torno de 155-160 milhões de toneladas, dependendo da fonte.

“Desconsiderando os estoques, isso nos dá um excedente exportável aproximadamente 2 milhões de toneladas menor (de soja), o que não parece tão altista, a princípio”, disse Schicchi, ao comentar os desdobramentos da decisão do governo esta semana de elevar a mistura de biodiesel para 14%.

Essa redução na exportação poderia resultar em embarques de pouco mais de 99 milhões de toneladas de soja em 2024, abaixo do recorde do país de mais de 101 milhões esperado para 2023.

O especialista sênior de Grãos e Oleaginosas da S&P Global Commodity Insights José Roberto Gomes disse que o “mercado ainda está digerindo a informação” sobre a mistura maior, lembrando que alguns traders projetavam até 15% de biodiesel no diesel.

“O mercado deve estar fazendo as contas… ainda mais em um cenário de produção de soja abaixo do inicialmente esperado (no Brasil). Por ora, não notamos grandes oscilações nos basis (prêmios em relação aos mercados futuros) de óleo de soja, mas participantes do mercado avaliam que deverá haver algum suporte nos prêmios FOB Paranaguá para embarques a partir do segundo trimestre”, disse ele, concordando que “a tendência é que haja menos óleo destinado à exportação”.

Fonte: Reuters via Forbes

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