Docas do Rio tenta ‘arrumar a casa’, mais uma vez, com novo comando
jan, 31, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202405
Estatal com histórico de indicações políticas, a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), responsável pelos portos fluminenses, tem um novo plano para tentar “arrumar a casa” a partir de 2024. A empresa projeta aumentar receitas e manter um fluxo de investimentos constantes, além de resolver passivos trabalhistas e outras dívidas que no ano passado causaram mais um déficit na companhia. Segundo relatório conjunto do ministérios do Planejamento e da Fazenda, relativo ao quinto bimestre de 2023, a expectativa de déficit da CDRJ para o ano era de R$ 60,6 milhões.
O presidente da CDRJ, Francisco Martins, no cargo desde outubro, diz que desde que assumiu tenta organizar “cadáveres insepultos” que sugam recursos da companhia. Entre esses “cadáveres” estão cerca de 1.200 ações trabalhistas cujo montante supera R$ 200 milhões e uma dívida total com valor nominal na casa de R$ 1bilhão. Pernambucano, Martins assumiu por indicação do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a quem Docas está vinculada.
Martins disse que a empresa fez um “encontro de contas” com a Prefeitura do Rio. A CDRJ, explicou, tinha dívida de R$ 600 milhões e a prefeitura, por outro lado, não tinha indenizado prédios desapropriados da época da Olimpíada. Com o acordo, essa dívida foi zerada no fim do ano passado e todas as ações de cobrança, de lado a lado, foram retiradas. “Foi um marco importante, que tira R$ 600 milhões de dívida histórica que Docas tinha”, diz.
Para colocar as finanças nos trilhos, Martins diz que a CDRJ planeja licitar ao menos seis áreas nos portos do Rio, Niterói e Itaguaí, na região metropolitana. Em Itaguaí, por exemplo, está em fase final da consulta pública a licitação da chamada “área do meio”, entre as operações da Vale e da CSN no porto. A expectativa de investimento privado com os novos arrendamentos é de R$ 3 bilhões. “Dessa vez sai [a licitação]. Existem grupos de mineradoras de Minas Gerais que estão se reunindo”, afirma, acrescentando que a expectativa é lançar a licitação em Itaguaí ainda no primeiro semestre.
A movimentação de carga da empresa no ano passado ficou ao redor de 64 milhões de toneladas – os números oficiais ainda não foram fechados -, acima dos 61,2 milhões de toneladas de 2022.
Para o Porto do Rio, um dos planos é aumentar a retroárea com a construção de uma estrutura sobre o espelho da Baía de Guanabara, projeto sensível do ponto de vista ambiental. A viabilidade técnica e financeira do projeto ainda será estudada pela CDRJ, mas Martins afirma que a ideia, caso seja implementada, poderá quintuplicar a retroárea do porto. O ativo sofre limitações para crescer por ser espremido entre a cidade e o mar, sem possibilidades de expansão devido à densidade populacional. “Hoje o Porto do Rio não tem para onde crescer, ele é sufocado [pela cidade ao redor]”, diz Martins.
O gráfico abaixo usa dados do DataLiner para comparar importações e exportações de contêineres no Porto do Rio de Janeiro de janeiro de 2019 a novembro de 2023. Veja mais detalhes abaixo:
Rio de Janeiro | Exportações e Importações | Jan 2019 – Dez 2023 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Em termos de receita, a expectativa é ter fechado 2023 com algo em torno de R$ 880 milhões, acima dos R$ 817 milhões de 2022. Para 2024, a expectativa é de uma receita de R$ 900 milhões. A empresa prevê ainda investir R$ 447 milhões este ano, entre dinheiro próprio e recursos previstos no PAC – ano passado foram R$ 110 milhões. “Vamos ter investimento em dragagem como há muito anos o Porto do Rio não tem”, diz Martins.
Para lidar com o que chama de “cadáveres insepultos”, Martins abriu negociações com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para tentar reduzir débitos. O executivo afirma que o processo é semelhante ao que ocorreu em Suape sob a sua administração. Afirma que a CDRJ tem “engessamentos”, que se refletem em questões como a execução orçamentária, que ficava na casa dos 99% em Suape e gira em torno de apenas 10% a 15% na estatal federal. Mesmo assim, vê um “potencial” nas Docas do Rio. “O grande legado [que quero na minha administração] é ter uma carteira de projetos”, afirma, citando a necessidade da dragagem constante nos portos. Outro investimento necessário, diz Martins, é em tecnologia para aumentar a segurança dos portos da CDRJ.
Fonte: Valor Econômico
Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/01/31/docas-do-rio-tenta-arrumar-a-casa-mais-uma-vez-com-novo-comando.ghtml
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