Conab volta a cortar estimativa de produção de grãos devido ao El Niño
fev, 09, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202406
O clima não ajudou e, como os produtores já veem em campo, a safra de grãos será menor que o previamente imaginado em 2023/24. Nesta quinta-feira (7/2), em seu quinto relatório sobre a temporada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) cortou sua estimativa de produção nacional para grãos e fibras em 2,2%, para 299,7 milhões de toneladas. Se comparada à safra passada, a redução é de 6,3% ou 20 milhões de toneladas.
“O atraso do início das chuvas nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba, seguido por chuvas irregulares e mal distribuídas, com registros de períodos de veranicos superiores a 20 dias, além das altas temperaturas, estão refletindo negativamente no desempenho das lavouras”, disse a Conab no texto.
A falta de chuvas e as altas temperaturas devido ao padrão climático El Niño prejudicaram as safras de soja e milho da primeira colheita desde o plantio. O plantio de soja foi adiado, o que também deve afetar a segunda safra de milho, segundo a CONAB.
A produção de soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, agora é esperada para ser de 149,4 milhões de toneladas, 3,4% menos que na safra anterior. Em comparação com a previsão inicial de 162 milhões de toneladas, isso representa uma queda de 7,8%. A produção inferior a 150 milhões de toneladas já era esperada por analistas de mercado.
Para o milho, a CONAB estimou uma produção total de 113,7 milhões de toneladas, 13,8% menos do que no ciclo 2022/23. Esse número inclui três safras. “A primeira safra, que representa 20,8% da produção total, enfrentou situações adversas como altas precipitações no sul do país e baixas precipitações no Centro-Oeste, acompanhadas por altas temperaturas”, observou a CONAB.
A estimativa da safra de feijão caiu ligeiramente, mas ainda estava próxima de 3 milhões de toneladas, levando em consideração as três colheitas. No arroz, embora o El Niño tenha afetado inicialmente a safra, não são esperadas perdas por enquanto. A CONAB estimou a produção em 10,8 milhões de toneladas, 7,6% a mais do que na safra 2022/23.
A pesquisa da CONAB não foi totalmente negativa. O país deverá ver um novo recorde na produção de algodão, com 3,3 milhões de toneladas de algodão em pluma. Segundo a agência, o preço e as perspectivas de comercialização estimularam um aumento no plantio, que cresceu 12,8% em relação à safra 2022/23.
Na quinta-feira, a CONAB também divulgou sua primeira estimativa para a safra de inverno, prevendo uma colheita de 10,2 milhões de toneladas de trigo. Esse número é 26% maior do que na safra 2022/23. O plantio começa este mês no Centro-Oeste e ganhará impulso em meados de abril no Paraná e em maio no Rio Grande do Sul, estados que respondem por 82,7% da produção de trigo do país.
Com a atualização da estimativa de produção de soja, a CONAB também reduziu sua previsão de exportação para esta safra em 4,29 milhões de toneladas, totalizando 94,16 milhões. Os embarques de milho também foram reduzidos em 3 milhões de toneladas. Como resultado, eles devem totalizar 32 milhões de toneladas.
Na quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgou uma estimativa menor para a safra de grãos de 2024, mas a queda não foi tão significativa quanto a da CONAB. A agência reduziu sua estimativa em 1% para 94,5 milhões de toneladas. Em comparação com a temporada passada, isso representa uma queda de 3,8%.
Contrariando as estimativas brasileiras, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetou na quinta-feira uma safra de soja ainda robusta no Brasil para o ano-safra 2023/24 em seu relatório mensal de Oferta e Demanda Agrícola Mundial. A previsão da agência é de uma produção de 156 milhões de toneladas, 1 milhão de toneladas a menos do que a previsão de janeiro.
Os analistas esperavam um corte mais agressivo do USDA, de pelo menos 3 milhões de toneladas. No entanto, os contratos de soja para março na bolsa de Chicago fecharam com um modesto aumento de 0,38%, a US$ 11,9350 por bushel.
Para Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural, o USDA não levou em conta o fato de que 2023 foi o ano mais quente registrado e que as sojas se desenvolveram sob tais condições. “Não há produtividade ou área para justificar uma safra de 156 milhões de toneladas. Diante disso, o mercado sabe que a produção de soja é muito mais provável que fique abaixo de 150 milhões do que acima desse volume”, disse ele.
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