Cresce preocupação com o atraso do acordo entre Mercosul e União Europeia entre agricultores argentinos
fev, 23, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202408
Os protestos ocorridos nas últimas semanas em diferentes cidades da Europa, liderados por produtores agropecuários, frearam as já avançadas negociações entre o Mercosul e União Europeia. Este acordo comercial se arrasta por duas décadas e, embora um pré-acordo tenha sido anunciado em 2019, nunca chegou a ser implementado devido às novas exigências ambientais da UE.
Os protestos – que começaram na França e se estenderam por todo o continente – visam denunciar o que eles afirmam ser uma competição desleal das importações. Especificamente, eles advertem que o bloco sul-americano, formado por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, poderia importar produtos de baixo custo porque não precisam cumprir as mesmas normas regulatórias dos produzidos no continente europeu.
Nesta semana, o Vaticano respondeu a um pedido dos agricultores italianos, e foi o próprio Papa Francisco quem recebeu um grupo de pecuaristas que levaram uma vaca leiteira para a Praça São Pedro. Após um pedido do Papa para avançar com uma solução nesse sentido e a pressão que vários líderes de alto escalão de cada um dos países membros receberam, as negociações entre os dois blocos foram interrompidas.
Em um contexto de preocupação com uma recessão que se aproxima na Argentina, exportadores entraram em alerta. É por isso que eles apresentarão à ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, dúvidas sobre o estado atual do acordo e a possibilidade de avançar com negociações bilaterais para a venda de produtos de origem primária, onde as economias regionais e a carne bovina aparecem como grandes protagonistas.
Segundo o Consórcio Exportador ABC, em 2023, as exportações de carne bovina encerraram com um aumento nos volumes exportados, mas apresentaram queda na faturação. De acordo com o Consórcio Exportador de Carnes ABC, os embarques acumularam 966.000 toneladas. No entanto, a indústria frigorífica argentina não conseguiu superar o obstáculo da menor capacidade de pagamento chinesa, com o ingresso de divisas ao longo do ano chegando apenas a US$2.777,4 milhões, uma queda de 17,9% na comparação anual.
Independentemente dos bons ou maus momentos para a exportação de produtos agroalimentares, não há dúvida de que a Europa representa uma importante fonte de divisas para a Argentina. Por exemplo, no caso da carne, a UE é o segundo mercado mais importante depois da China.
Estes são os temas que o agronegócio trará à tona no encontro com Mondino, que contará com a presença dos líderes da Sociedade Rural (SRA), Nicolás Pino, da Federação Agrária Argentina (FAA), Carlos Achetoni, das Confederações Rurais Argentinas (CRA), Carlos Castagnani, e da Coninagro, Elbio Laucirica.
Outro assunto que o agronegócio tentará abordar está relacionado aos direitos de exportação e o impacto que podem ter no comércio. Embora o Executivo tenha dito anteriormente que não debaterá um pacote fiscal a curto prazo, o tema permanece latente e, com a possibilidade de um novo debate sobre a lei omnibus, ninguém pode descartar que, em um cenário de necessidade, o governo volte a insistir nesse ponto.
Fonte: Ámbito
Clique aqui para ler a matéria original em espanhol: https://www.ambito.com/agronegocios/preocupa-al-campo-la-demora-del-acuerdo-mercosur-y-la-union-europea-n5950998
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