Valores de exportação de óleo de soja do Brasil atingem maior alta em 20 meses

Os diferenciais de preços à vista do óleo de soja no mercado de exportação brasileiro atingiram o maior nível em 20 meses, devido à escassez de suprimentos para remessas no exterior, à firme demanda doméstica e à queda dos futuros da Chicago Board of Trade, de acordo com uma análise da S&P Global Commodity Insights.

Em 11 de abril, a Platts avaliou a base FOB Paranaguá para cargas com carregamento em maio em menos 400 pontos em relação ao contrato de maio (K) da CBOT. Esse foi o nível mais alto para uma remessa do mês anterior desde 9 de agosto de 2022.

Comparado à mesma data do ano anterior, a avaliação FOB Paranaguá aumentou em 790 pontos, de acordo com dados da Platts.

Curiosamente, essa força segue a segunda maior safra brasileira de soja, cuja colheita está em sua fase final. O país provavelmente produzirá 153 milhões de toneladas de oleaginosas no ano comercial 2023-24 (janeiro-dezembro), abaixo apenas do recorde de 162 milhões de toneladas observado no ano comercial 2022-23, mostram as estimativas da S&P Global Commodity Insights.

Apoio ao mandato de biodiesel

Os participantes relacionam essa nota otimista sobre os diferenciais de preços à vista do óleo de soja principalmente ao aumento da demanda de biodiesel no Brasil.

Desde março, a mistura obrigatória do biocombustível no diesel é de 14%, ante 12% ao longo de 2023. Isso tem drenado o excedente de óleo de soja disponível para exportações, uma vez que a commodity é a principal matéria-prima para a indústria nacional de biodiesel, representando cerca de 70% de todas as matérias-primas utilizadas no processo de produção.

O impacto dessa maior demanda de biodiesel já pôde ser observado. Em fevereiro, o Brasil exportou 34.000 toneladas de óleo de soja, atingindo o limite inferior da faixa histórica para o mês, de acordo com um relatório semanal da S&P Global Commodity Insights.

“Esse resultado não foi inesperado, já que o Brasil usou mais de seu óleo de soja para cumprir as obrigações domésticas de biodiesel, o que está previsto para reduzir seu fornecimento exportável em 2024”, disseram analistas da S&P Global.

No mercado doméstico, os volumes de óleo de soja têm sido negociados cerca de 200-250 pontos acima dos valores de exportação, disse um trader, refletindo o quão aquecida está a demanda interna para o biodiesel.

Além disso, as referências da CBOT em queda também estão no radar, já que referências de preços internacionais mais baixas geralmente forçam os traders a ajustar suas indicações de prêmio para cima.

O contrato do mês anterior da CBOT, para maio (K), fechou em 11 de abril a 46,02 centavos/libra, acumulando uma perda de quase 5% até agora em 2024.

Segundo a S&P Global, o Brasil deverá designar 5,65 milhões de toneladas de óleo de soja para produção de biodiesel no ano comercial 2023-24, mais de 1 milhão de toneladas em relação ao ano comercial 2022-23.

Fonte: Hellenic Shipping News

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