Argentina espera recuperar o primeiro lugar nas exportações de farelo de soja, apesar da forte concorrência
abr, 30, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202418
A produção de soja da Argentina está prevista em 49,7 milhões de toneladas em 2023-2024, um aumento de 99% em relação aos 25 milhões de toneladas do ano-safra anterior, informou a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagyp) do país na semana passada em sua primeira estimativa da nova produção agrícola.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) esperava uma produção de soja semelhante, em 50 milhões de toneladas, com a Argentina aumentando sua participação nas exportações globais de farelo de soja para 34,8% em 2023-2024, de 30,8% na safra anterior.
O Brasil se tornou o maior exportador de farelo de soja em 2022-2023 em meio a perdas de produção na Argentina, mas este ano, sua participação deverá diminuir de 31,7% para 29,4%, retornando ao segundo lugar, enquanto a participação de mercado dos EUA deverá aumentar para 20,5% de 19,8%, segundo o USDA.
A indústria de esmagamento de soja da Argentina pretendia pelo menos retornar aos níveis históricos de esmagamento de soja de cerca de 36 milhões de toneladas em 2023-2024, deixando para trás “uma das piores campanhas agrícolas” de sua história, disse Gustavo Idigoras, presidente da câmara da indústria petrolífera Ciara-CEC. disse em um webinar recente.
“A taxa anual que tínhamos de esmagamento de soja era de cerca de 36 milhões de toneladas por ano e nós, como indústria, estamos tentando trabalhar nesse nível neste ano”, disse Idigoras.
Em 2022-2023, depois de perder 30 milhões de toneladas de soja devido a uma seca, os níveis de esmagamento de soja na Argentina caíram para 27 milhões de toneladas, uma queda de 30% em termos anuais.
Maiores volumes de moagem previstos
Analistas locais esperavam volumes de moagem ainda maiores em 2023-2024.
A última estimativa da Bolsa de Grãos de Rosario (BCR) foi de 39,6 milhões de toneladas, considerando que a oferta de soja é maior e a demanda pelo farelo de soja da Argentina “continua forte”, disse Guido D’Angelo, analista da BCR, à Fastmarkets.
“Tivemos uma campanha no ano passado [que deveria ser] esquecida, então o mercado internacional está aguardando o retorno da Argentina”, disse D’Angelo.
Os preços de exportação do farelo de soja argentino nos portos de Up River permaneceram 1,3% superiores aos do Brasil no Porto de Paranaguá para embarque em maio e 0,5% maiores para embarque em junho, de acordo com a última avaliação da Fastmarkets.
Os preços do farelo de soja na Argentina foram mais altos do que no Brasil devido a atrasos na colheita devido ao excesso de chuvas na Argentina, de acordo com D’Angelo.
Fontes do mercado disseram que as vendas aos agricultores também têm sido mais lentas na Argentina em comparação com o Brasil, onde uma recente desvalorização do Real levou ao aumento das vendas de soja em meio a uma forte demanda esmagadora por mistura de biodiesel.
Dito isto, as fontes esperavam que os preços do farelo de soja argentino se tornassem mais competitivos quando a colheita e as vendas locais aumentarem.
“Os preços do farelo de soja argentino devem cair em relação ao Brasil”, disse uma fonte baseada na Argentina.
O analista de mercado independente Javier Preciado Patiño disse que também está “mais otimista” que a indústria local, estimando a moagem de soja em torno de 40 milhões de toneladas, mas em um ambiente mais competitivo para as exportações de farelo de soja.
“Tudo sugere que será uma campanha complicada, com a oferta pressionando os preços para baixo, por isso haverá concorrência entre as três origens nos mercados internacionais com base nos custos de industrialização e no preço interno da soja”, disse Patiño à Fastmarkets.
“Temos certeza de que o centro de britagem de Rosário é extremamente competitivo e que a indústria sediada na Argentina poderá exportar sem dificuldades, apesar da concorrência do Brasil e dos EUA”, disse Patiño.
A Argentina deverá exportar 28,0 milhões de toneladas de farelo de soja, um aumento de 51% em relação à campanha anterior e de 10% em relação à média dos últimos cinco anos, segundo a BCR.
O número é semelhante às estimativas da Ciara-CEC de 27-28 milhões de toneladas para as exportações argentinas de farinha de soja.
“Veremos se conseguimos recuperar nossa posição de primeiro fornecedor [global], mas isso dependerá muito das ofertas dos EUA e do Brasil”, disse Idigoras.
Oferta de farelo de soja aumentará
A indústria global de esmagamento de oleaginosas está crescendo devido ao aumento da demanda por óleos no setor de biocombustíveis. O Brasil e os EUA estão competindo por uma cota maior nos mercados de importação típicos da farinha de soja da Argentina, como o Vietnã, a Indonésia e a Malásia.
Uma das estratégias da Argentina para se diferenciar dos concorrentes é o programa Visão Setorial do Gran Chaco Argentino (VISEC) para certificar que a soja e seus produtos provêm de áreas livres de desmatamento desde dezembro de 2020, data limite na nova regulamentação do União Europeia – a segunda maior região importadora global de farinha de soja depois do Sudeste Asiático – que deverá entrar em vigor em 30 de dezembro de 2024.
A principal ameaça para o farelo de soja argentino é que, no Brasil e nos EUA, a demanda interna não tem crescido tão rapidamente quanto os níveis de esmagamento, deixando, em vez disso, mais farelo de soja para ser exportado, disse a BCR num relatório recente.
Entre as campanhas 2013-2014 e 2023-2024, o Brasil e os EUA aumentaram a produção de farelo de soja em pouco mais de 12 milhões de toneladas por campo de comercialização
Fonte: Fast Markets
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