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Brasil possui grande potencial para se tornar hub de descomissionamento de navios

jul, 12, 2024 Postado porGabriel Malheiros

Semana202428

O Brasil, graças a sua extensa costa e robusta indústria marítima, possui muitas instalações navais já envolvidas com construção e reparação naval, que poderiam adaptar-se para incluir o descomissionamento de navios nas suas operações, segundo a análise de uma ONG.

O professor Newton Pereira, da Universidade Federal Fluminense (UFF), afirmou à ONG que o Brasil está se posicionando como um destino crucial para armadores que buscam o descarte sustentável de seus ativos.

Desde a infraestrutura robusta já estabelecida nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco até as rigorosas regulamentações nacionais sobre gestão de resíduos perigosos, incluindo um projeto de lei nacional em vias de aprovação que reflete o Regulamento de Reciclagem de Navios da União Europeia, o país está à beira de uma transformação radical.

A UFF desempenha um papel crucial nessa transformação através do seu Centro de Estudos de Sistemas Sustentáveis (CESS/UFF), focado na gestão de resíduos perigosos, otimização de métodos de reciclagem e mercado de sucata de aço, garantindo assim mão de obra qualificada, inovação e recursos necessários para apoiar soluções nacionais na reciclagem de navios.

“No CESS, estamos desenvolvendo tecnologias RFID (Identificação por Radiofrequência) e NFC (Near Field Communication) para gerenciar resíduos perigosos em navios e estaleiros. Nosso objetivo é assegurar transparência e rastreabilidade no descarte de materiais. Especificamente, estamos explorando maneiras de automatizar o gerenciamento de IHMs (Inventário de Materiais Perigosos) em navios mercantes, plataformas offshore e navios abandonados destinados ao descomissionamento, desmantelamento e reciclagem. Atualmente, estamos testando etiquetas inteligentes instaladas em embarcações, que podem ser lidas remotamente em segundos através de veículos não tripulados”, explicou o professor Pereira.

“Além disso, estamos trabalhando em um projeto que busca transformar características perigosas, como amianto e lã de vidro, em produtos comercializáveis, como vidro.”

De acordo com dados recentes, dezenas de plataformas fixas e flutuantes de petróleo e gás, além de mais de 300 grandes navios comerciais que operam regularmente em águas brasileiras, serão aposentados na próxima década.

O potencial do Brasil na reciclagem de navios será discutido por vários especialistas, incluindo representantes da Petrobras e o Professor Pereira, no evento Ship Recycling Lab em Lisboa, em outubro de 2024.

“O Lab representa uma oportunidade única para discutir e apresentar alternativas ao desmantelamento poluente e perigoso de navios. O conceito de economia circular ética, tema central do evento, é fundamental para uma indústria mais limpa alinhada com os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. Estou ansioso para destacar as iniciativas e capacidades do Brasil neste fórum e, potencialmente, forjar novas colaborações”, acrescentou Pereira.

Em maio de 2024, foi assinado um memorando de entendimento (MOU) para explorar a viabilidade de estabelecer um estaleiro de reciclagem e descomissionamento de navios no Porto Central, Brasil. O MOU, firmado entre o Porto Central e a M.A.R.S., Europe A/S (uma subsidiária da Modern American Recycling Services), marca um passo importante em direção a um futuro sustentável na reciclagem de navios.

Fonte: Offshore-energy

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