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FT: montadoras enfrentam duro golpe com crise de consumo

jul, 26, 2024 Postado porGabriel Malheiros

Semana202430

O boom de consumo pós-pandemia tem durado mais que o esperado. Mas a lição tirada dos resultados recentes é que – em algum momento – os bolsos esvaziados vão se fechar.

A Ryanair sinalizou o fim das “viagens de vingança”. Os grupos de artigos de luxo estão perdendo força. E o setor automobilístico sofre um verdadeiro “acidente”.

A Stellantis viu o preço de sua ação cair cerca de 10% nesta quinta-feira (25), depois de anunciar resultados horríveis. Ela não cumpriu as expectativas do mercado, anunciando uma queda de 48% no lucro líquido do primeiro trimestre, de 5,6 bilhões de euros, em relação ao mesmo período do ano passado, e um fluxo de caixa livre negativo de 400 milhões de euros.

Os investidores nas concorrentes Nissan e Ford pisaram no freio, com suas ações caindo 7% e 13%, respectivamente. Nervosos, os mercados também derrubaram a Renault e a General Motors (GM), apesar do que pareceram ser desempenhos mais sólidos.

A expectativa já era de que 2024 seria um ano difícil para as montadoras. Este é, tardiamente, o desenrolar do boom pós-pandemia, quando os problemas nas cadeias de abastecimento permitiram às montadoras aumentar os preços, se concentrar nos modelos mais chamativos e refazer os estoques dos atacadistas.

Muita oferta, pouca demanda

Isso foi um triplo impulso para a lucratividade. Mas agora, a oferta abundante e a demanda fraca estão afetando a capacidade de formação de preços. O Citigroup estima que os preços médios de venda dos carros caíram 6% desde o fim de 2022 ou começo de 2023.

Essa desaceleração está afetando a Stellantis mais do que a maioria, em parte porque a empresa pisou no acelerador com muita força durante o boom. As margens de lucro se beneficiaram dos cortes de custos quando Peugeot e Fiat Chrysler foram unidas.

Mas a companhia também aumentou os preços médios de venda nos EUA em 50% nos bons tempos, em comparação a um aumento de menos de 20% do setor como um todo, segundo números do Citigroup. Também empurrou um estoque maior para o sistema atacadista do que seus concorrentes.

Agora, enquanto espera a chegada de uma série de novos modelos, a Stellantis luta para vender automóveis – especialmente nos EUA, seu maior mercado. A participação de mercado caiu acentuadamente. O resultado é a queda da lucratividade, com as margens nos EUA recuando espantosos 6,1 pontos porcentuais em temos anuais, para 11,4%.

Longo caminho antes da retomada

O perigo para os investidores é que este seja apenas o começo de um ambiente competitivo vicioso. O fechamento de fábricas, como a da Volkswagen na Europa, em quase nada contribuirá para reduzir o excesso de capacidade do setor. Embora os preços médios das transações nos EUA tenham caído, eles ainda estão bem acima dos níveis pré-pandemia.

Os estacionamentos lotados dos atacadistas e a redução da demanda poderão muito bem conspirar para reduzir ainda mais os preços, prejudicando o setor em geral. As montadoras poderão ter um longo caminho a percorrer antes que o ritmo normal de vendas seja retomado.

Fonte: Financial Times via Valor Econômico

Clique aqui para ler a matéria original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/07/25/ft-montadoras-enfrentam-duro-golpe-com-crise-de-consumo.ghtml?li_source=LI&li_medium=news-page-widget

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