Resultado das eleições dos EUA é crucial para as exportações de aço brasileiras
nov, 05, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202443
O resultado da eleição presidencial dos EUA tem um grande potencial para impactar a indústria do aço do Brasil. Dependendo de quem vença — Kamala Harris ou Donald Trump — o setor pode vivenciar um ressurgimento do protecionismo americano ou um aumento nos investimentos em infraestrutura.
Durante o primeiro mandato de Trump, de 2017 a 2020, os EUA aumentaram as tarifas de importação de aço para 25%, cumprindo sua promessa de campanha de proteger a indústria doméstica.
O presidente Joe Biden manteve essas tarifas, refletindo uma tendência global de vários países reagindo ao aumento contínuo das exportações de aço da China. Este ano, o Brasil implementou cotas sobre 11 produtos siderúrgicos, com uma tarifa de 25% aplicada assim que determinado volume de importação é ultrapassado.
O gráfico abaixo mostra as exportações de aço do Brasil em contêineres nos primeiros nove meses do ano desde 2021. Os dados vêm do DataLiner da Datamar.
Exportações de Aço do Brasil | Jan-Set 2021 vs. Jan-Set 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Em janeiro, os EUA suspenderam uma sobretaxa de 103,4% imposta desde 1992 sobre tubos de aço sem liga, fabricados no Brasil.
Agora, com as eleições nos EUA se aproximando, as expectativas são de que uma vitória de Trump provavelmente levaria à renovação das políticas protecionistas para as indústrias domésticas. Por outro lado, se Harris vencer, espera-se que sua administração favoreça políticas voltadas para o financiamento de projetos de infraestrutura, o que poderia aumentar a demanda americana por aço.
“O setor pode, de fato, ver diferenças dependendo de quem ganhar a eleição”, disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Ele observou o foco “notável” de Trump na China, o que poderia resultar em medidas protecionistas mais rigorosas. Destacou um efeito indireto disso: quanto maior o custo do aço chinês nos EUA, maior será a oferta disponível para outros mercados.
Uma fonte da indústria disse ao Valor que o maior risco seria uma revisão das cotas de tarugos no acordo entre os EUA e o Brasil, após a imposição da Seção 232. Atualmente, as cotas se aplicam a chapas planas e grossas.
A fonte acrescentou que outro risco seria a revogação da autorização que permite que tarugos brasileiros exportados para o México, onde são processados em produtos laminados, sejam enviados para os EUA sem a tarifa de importação de 25%. Essa tarifa é aplicada a produtos de aço não totalmente manufaturados no México ou no Canadá.
“Para os produtos laminados, já existem mecanismos de defesa comercial amplamente estabelecidos, incluindo antidumping e direitos compensatórios. É altamente provável que novas medidas possam ser aplicadas, prejudicando ainda mais as exportações brasileiras, mas, quantitativamente, o impacto seria provavelmente menor do que para os tarugos”, disse a fonte, acrescentando que, embora o ex-presidente dos EUA tenha historicamente favorecido aumentos tarifários e medidas de defesa comercial mais do que Harris, a realidade é que as medidas da administração Trump sobre o aço não foram revogadas sob Biden.
O especialista também observou que as siderúrgicas dos EUA operam atualmente com margens de lucro mais altas do que suas contrapartes em muitos outros países, o que lhes permitiu investir na expansão da capacidade (substituindo importações), diversificando o mix de produtos e aumentando a já alta participação (em comparação com a média global) de fornos elétricos a arco na produção. “Este último fator contribui significativamente para a descarbonização da indústria, juntamente com os investimentos em energia eólica e solar feitos por algumas siderúrgicas dos EUA — recursos que provavelmente seriam ainda mais apoiados sob uma possível administração Harris”, acrescentou a fonte.
Arbetman, da Ativa, também destacou que uma possível administração Trump poderia levar ao aumento do protecionismo, resultando em um volume maior de produtos de aço chineses no mercado global. “Nesse cenário, é possível que os produtos chineses entrem em outros mercados, incluindo o Brasil, apesar das medidas de defesa nacional já implementadas”, disse.
Fonte: Valor Internacional
Clique aqui para ler o texto original: https://valorinternational.globo.com/business/news/2024/11/05/us-election-outcome-critical-for-brazilian-steel-exports.ghtml
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