Queda de exportações para a Argentina afeta superávit com Mercosul, diz Itamaraty
dez, 03, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202445
Uma queda de mais de 20% nas exportações do Brasil para a Argentina afetou o superávit que o país vinha mantendo com o Mercosul, disse nesta segunda-feira (2) a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisela Padovan.
Além de Brasil e Argentina, o Mercosul é formado por Uruguai, Paraguai e, agora, Bolívia. Os presidentes desses países se reúnem no final da semana em Montevidéu para a cúpula do bloco, que terá como principal tema a possível conclusão das negociações comerciais entre o Mercosul e a União Europeia.
“No ano passado o Brasil exportou US$ 23,5 bilhões, ou 6,9% das nossas exportações, para países do Mercosul; e importou US$ 17 bilhões, equivalente a 7% das importações totais brasileiras. Foi um superávit de US$ 6,5 bilhões, o que é muito relevante. Infelizmente este ano o superávit caiu por conta da queda nas exportações para a Argentina”, declarou Padovan.
A expectativa é que o superávit alcançado em 2023 possa ser praticamente anulado neste ano.
Aqui está um gráfico mostrando as principais tendências nas exportações de contêineres do Brasil para a Argentina nos primeiros dez meses do ano de 2021 a 2024. Os dados são derivados do DataLiner da Datamar.
Exportações de contêineres para a Argentina | Jan-Out 2021 a Jan-Out 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
As exportações do Brasil para a Argentina sofreram uma queda brusca, segundo dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). Elas passaram de US$ 14,9 bilhões entre janeiro e outubro do ano passado para US$ 11,2 bilhões no mesmo período de 2024.
Durante briefing à imprensa sobre a cúpula do Mercosul, Padovan creditou essa contração ao ajuste promovido na Argentina pelo presidente ultraliberal, Javier Milei.
“Acho que é reflexo do ajuste geral da economia argentina, da queda do poder aquisitivo. Existem indicadores positivos, macro, mas existe um aumento da pobreza, aumento do desemprego e existe a queda no rendimento das pessoas —dos trabalhadores, dos aposentados. Acho que isso necessariamente indica queda nas vendas”, disse Padovan.
“É a única explicação, de um ano para o outro você ter uma queda de 20%… O que mudou este ano? Entrou um novo governo argentino que quis promover um ajuste bastante forte. Então isso tem implicações, infelizmente negativas, para nós. Basta dizer o seguinte: nós tínhamos um superávit de US$ 6,5 bilhões no ano passado em relação às nossas exportações para o Mercosul. Agora praticamente equilibrou.”
Sobre as negociações com a União Europeia, o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Mauricio Lyrio, disse que uma última rodada de negociações ocorreu na última semana, em Brasília, e que questões pendentes foram submetidas aos líderes dos dois blocos.
“Estamos vendo de forma positiva o desenrolar das negociações. O próprio presidente Lula já fez referência ao fato de que tem a expectativa de que tenhamos a conclusão das negociações até o final do ano”, disse Lyrio.
Fonte: Folha de S. Paulo
Clique aqui para ler o texto original: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/12/queda-de-exportacoes-para-a-argentina-impacta-superavit-do-brasil-com-mercosul-diz-itamaraty.shtml
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