Brasil se torna mercado de descarte de carros chineses, diz presidente da Anfavea
jan, 15, 2025 Postado porDenise VileraSemana202503
Com o aumento de cerca de 30% nas importações de veículos em 2024, impulsionado pela chegada de carros elétricos chineses, montadoras brasileiras têm pressionado por medidas para proteger a indústria local. Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, o Brasil está se tornando um “mercado de desova” para o excedente de produção da China, enquanto outras regiões, como União Europeia e Estados Unidos, adotam tarifas mais altas para conter a entrada de veículos chineses.
Dados da Anfavea apontam que os emplacamentos de veículos importados atingiram 466,5 mil unidades em 2024, um aumento de 33% em relação ao ano anterior e o maior volume da última década. Desse total, aproximadamente 200 mil unidades foram de modelos eletrificados chineses.
A alíquota padrão de importação de 35% para veículos no Brasil foi reduzida para modelos eletrificados, diferentemente de países como EUA e Europa, que elevaram tarifas no último ano. No entanto, o governo brasileiro iniciou uma escalada gradual dessas tarifas, com impostos sobre elétricos subindo para 18% em 2024, 25% em julho de 2025, e 35% até 2026. Para híbridos plug-in, a alíquota subirá de 20% para 35% no mesmo período.
Leite criticou o impacto das baixas tarifas de importação: “Nós, fabricantes locais, também utilizamos a importação, mas não podemos perder competitividade devido a essas alíquotas reduzidas.” Ele destacou ainda que as montadoras chinesas anteciparam em dois anos o envio de grandes volumes ao Brasil.
Em dezembro, os portos brasileiros acumulavam 70 mil veículos elétricos não vendidos. Atualmente, esse número caiu para cerca de 50 mil unidades. A BYD, que comprou a antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA), lidera esse movimento.
Exportações em queda e desafios comerciais
Enquanto as importações crescem, as exportações do setor registraram retração de 1,3% em 2024, com 398,5 mil unidades enviadas ao exterior. A Argentina aumentou suas compras, mantendo os números estáveis, mas o Brasil perdeu participação em outros mercados.
“A balança comercial do setor enfrenta uma tempestade perfeita, com excesso de importações e perda de participação na América Latina, que caiu de 24% para 17% nos últimos cinco anos,” disse Leite.
Resultados gerais e perspectivas
As vendas totais de veículos no Brasil, incluindo caminhões e ônibus, somaram 2,6 milhões de unidades em 2024, um crescimento de 14,1% em relação ao ano anterior. A produção chegou a 2,5 milhões de unidades, um aumento de 9,7%.
O Brasil também retomou a oitava posição no ranking global de produtores e tornou-se o sexto maior mercado de vendas. O setor movimentou mais de R$ 200 bilhões em crédito para financiamentos, com aumento de 36% em relação a 2023.
Para 2025, a Anfavea projeta um crescimento de 6,3% nos emplacamentos e de 7,8% na produção, mas destaca riscos ligados à alta dos juros e ao dólar valorizado. “Nosso objetivo é voltar ao patamar de 3 milhões de unidades vendidas, mas precisamos enfrentar esses desafios,” concluiu Leite.
Fonte: Bloomberg Línea
-
Outras Cargas
nov, 18, 2021
0
Receita Federal desarticula organização criminosa dedicada ao tráfico internacional de cocaína
-
Portos e Terminais
out, 09, 2024
0
Assembleia Legislativa dá sinal verde ao Governo do Estado para contratação da obra do túnel Santos-Guarujá
-
Fruit
jan, 19, 2022
0
Terceiro maior exportador de frutas do país, Ceará comercializa US$ 178 milhões em 2021
-
Café
out, 03, 2023
0
Café: Exportação total em setembro sobe 5,4%, para 3,098 milhões de sacas