Brasil espera demanda adicional após embargos a carnes da Alemanha
jan, 17, 2025 Postado porGabriel MalheirosSemana202503
A confirmação de casos de febre aftosa em búfalos na Alemanha, na última semana, gerou uma onda de embargos às carnes bovina, suína e ovina produzidas no país europeu. Para a indústria brasileira, parte dessa demanda que deixará de ser atendida pelos exportadores alemães tem potencial para ser direcionada ao Brasil, sobretudo no caso da carne suína.
Entre os países que anunciaram embargos a carnes da Alemanha estão Reino Unido, México e Coreia do Sul. Mesmo depois que a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) considerar o foco da doença encerrado, a retomada integral de importações pode demorar até dois anos, a depender do país, estima a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
“Não celebramos desgraça alheia, mas é inevitável que esse cenário possa abrir um espaço para aumento de demanda externa para a carne suína do Brasil”, disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin, ao Valor.
Na avaliação do dirigente, não necessariamente toda a demanda adicional será direcionada aos exportadores brasileiros, pois os compradores também podem buscar outros fornecedores, mas o Brasil é um caminho natural para aqueles países que já se abastecem da carne suína nacional, como a Coreia do Sul e o México.
Segundo Santin, o Vietnã também suspendeu as compras de carne suína da Alemanha — que está entre os 10 maiores exportadores mundiais do produto — e há informações de que Singapura irá pelo mesmo caminho. “O Chile, também é cliente do Brasil, é bem provável que anuncie embargo, pelo rigor do sistema sanitário deles que conhecemos”.
O Reino Unido, que tradicionalmente é o maior comprador de carne suína da Alemanha, absorvendo cerca de 30% do que é produzido pelo país europeu, não importa hoje o produto brasileiro.
O argumento dos britânicos para não importar a carne suína do Brasil era que o país não tem status de livre de aftosa sem vacinação reconhecido pela OMSA e utiliza o aditivo ractopamina na produção. Mas com o Brexit, o Reino Unido está avançando em seus regulamentos próprios, e as negociações com o Brasil ganharam tração, segundo Santin.
“Agora, com a situação da Alemanha, é provável que tenha até influência positiva nas negociações de habilitação de frigoríficos do Brasil para embarque ao Reino Unido”, afirmou.
Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, afirmou que o Japão é outro país que poderia embargar a Alemanha e recorrer ao Brasil. Ele também acredita que as travas à Alemanha poderiam gerar aumento da demanda por carne bovina do Brasil.
Em uma visão menos otimista, o diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, disse que os países que suspenderam a carne bovina da Alemanha podem buscar o produto no Canadá ou Austrália, o que deixaria menos espaço para avanços na venda do Brasil.
O gráfico abaixo compara os embarques de carne bovina e de aves em contêineres do Brasil para a Alemanha entre janeiro de 2021 e novembro de 2024. Os dados vêm do DataLiner da Datamar.
Exportações de carne para a Alemanha | Jan 2021 – Nov 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Em meio à onda de embargos pelo foco de aftosa, o ministro da Agricultura da Alemanha, Cem Özdemir, vai usar um fórum de agricultura e alimentos que começou ontem no país para conversar com outros ministros sobre possíveis acordos de exportação, conforme comunicado do Ministério da Agricultura alemão.
O surto de febre aftosa foi localizado no Estado de Brandemburgo, levou à morte de três búfalos e ao abate sanitário dos demais da propriedade rural. Foi o primeiro caso no país desde 1988. Além dos protocolos alemães que foram acionados, a Comissão Europeia adotou medidas de emergência no bloco para conter a transmissão. A aftosa é altamente contagiosa para bovinos, ovinos, caprinos e suínos.
Por Nayara Figueiredo
Fonte: Globo Rural
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