Coronavírus preocupa logística de exportação de soja brasileira
mar, 24, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202014
Dados divulgados nesta segunda-feira, 23 de março pelo governo, apontam que a importação brasileira de soja acumulada do mês até a terceira semana de março ganhou ritmo nos últimos cinco dias úteis, elevando a média diária exportada para 479,2 mil toneladas. Esse aumento de volume ocorre no momento em que o mercado global foca suas atenções em eventuais problemas logísticos que possam afetar o escoamento de uma safra recorde.
Até a segunda semana de março, a exportação do Brasil, maior exportador e produtor global de soja, havia registrado média diária de 429,3 mil toneladas, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
No acumulado de março, os embarques da oleaginosa brasileira somaram 7,2 milhões de toneladas, já acima das 5 milhões de toneladas de fevereiro completo —quando chuvas atrasaram o escoamento ainda no início da colheita.
A média diária dos embarques em março, até o momento, indica que a exportação de soja do Brasil deverá superar o total registrado no mesmo mês do ano passado, quando o país embarcou cerca de 8,5 milhões de toneladas.
Em março, tradicionalmente os embarques de soja do Brasil ganham maior ritmo, mas a expectativa cresceu após os atrasos em fevereiro e também por conta das preocupações em torno do coronavírus, que até o momento não se traduziram em menor demanda pelo produto brasileiro, ainda que existam preocupações com interrupções no escoamento, fruto de medidas para conter a doença.
Vale lembrar que nesta segunda-feira, foi cancelada uma assembleia de estivadores no porto de Santos, marcada para avaliar uma greve por melhores condições de trabalho diante das preocupações com o coronavírus. Na China, o mercado futuro de farelo de soja atingiu limite diário, pela oferta apertada e preocupação com o escoamento da safra sul-americana.
Em relação às preocupações logísticas, o setor de soja ainda enfrenta questões como um decreto municipal em Rondonópolis, importante polo agroindustrial e logístico de Mato Grosso, que determinou o fechamento de todos os serviços não essenciais e ordenou a suspensão de operações nas indústrias locais, em resposta à crise de coronavírus.
Para o diretor da consultoria Arc Mercosul, Matheus Pereira, enquanto a China (maior importadora) se mostra ativa nas compras de soja e retoma operações industriais já com o surto da doença mais controlado, a preocupação se torna a logística do Brasil.
“Assim como os chineses tiveram problemas, a gente deve vir a ter isso nas próximas semanas, devemos ver escassez de recursos humanos temporariamente, o que pode atrasar as exportações brasileiras, durante o período de vigência do coronavírus”, afirmou ele.
O gráfico a seguir mostra as exportações brasileiras de soja para a China e para o resto do mundo a partir de janeiro de 2015:
Fonte do gráfico: DataLiner
Fonte da reportagem: Reuters
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