Sucata: exportação cai em novembro, mas produção de aço bruto cresceu no ano
dez, 17, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202448
As exportações de sucatas ferrosas, materiais reciclados utilizados na fabricação de aço, mantiveram a tendência de queda registrada nos últimos meses, diante de um cenário econômico internacional ainda incerto. Em novembro último, foram exportadas 45.338 toneladas de sucata, retração de 43,3% em comparação a igual mês de 2023, quando somaram 79.985 toneladas. O volume teve pouca variação sobre outubro deste ano, quando as vendas externas alcançaram 44.408 toneladas.
A redução nas vendas externas não vem sendo compensada pelo mercado interno, que se mantém retraído, com falta de pedidos e preços estáveis, apesar da recuperação da economia brasileira neste ano, segundo o Instituto Nacional de Reciclagem (Inesfa), órgão de classe que representa mais de 5,5 mil empresas recicladoras que praticam a economia circular, reinserindo insumos no ciclo da reciclagem para transformação.
De janeiro a novembro, as exportações também diminuíram, atingindo 648.212 toneladas, menos 11,8% em comparação ao mesmo período de 2023, com 735.248 toneladas, conforme dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Abaixo está uma visão geral histórica das exportações brasileiras de sucata ferrosa em contêineres registradas entre janeiro de 2021 e 2024. Os dados vêm do DataLiner, um produto de inteligência de mercado da Datamar.
Sucata Ferrosa | Jan 2021 – Out | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
A contínua queda nas vendas externas nos últimos meses se deve, conforme o Inesfa, à instabilidade no mercado internacional, em razão das incertezas econômicas globais, conflitos geopolíticos e flutuações no câmbio.
“Acreditamos que esse cenário persistirá até o final do ano, afetando tanto o mercado interno quanto o externo”, diz Clineu Alvarenga, presidente do Inesfa. No ano, as exportações devem ficar longe do recorde de 800 mil toneladas em 2023, na avaliação da associação.
As exportações são uma alternativa às empresas de reciclagem de sucatas quando a demanda interna é ruim. Mas, desde setembro deste ano, as vendas externas vêm perdendo força, o que torna o cenário “muito preocupante, com a ausência de opções ao setor”, afirma Alvarenga.
De acordo com informações de pesquisa realizada pela S&P Global Platts, agência americana especializada em fornecer preços-referência e benchmarkets para o mercado de commodities, “o mercado indiano (um dos principais mercados das sucatas brasileira) permaneceu fraco, sem a recuperação esperada após o Diwali, prejudicado por importações competitivas de produtos acabados da China, Vietnã e Coreia do Sul.”
Já balanço do Instituto Aço Brasil divulgado na última segunda mostra que de janeiro a novembro deste ano, o volume da produção de aço bruto no país foi de 31,1 milhões de toneladas. O resultado supera em 5,6% o registrado entre janeiro e novembro de 2023.
Na comparação dos dois períodos, as importações, o consumo aparente e as vendas internas cresceram 24,4%, 9,6% e 8,7%, respectivamente.
A previsão é de que, ao se computar os resultados de dezembro, o ano de 2024 termine com produção de 33,7 milhões de t. No acumulado deste ano, o pior índice foi o referente a exportações, que somaram 8,8 milhões de t até o momento, 18,5% a menos do que o mesmo período do ano passado.
A organização sublinhou como os três principais setores que dependem do aço contribuíram para o desempenho apresentado: o de automotores teve alta de 12,1%, enquanto o de máquinas e equipamentos e o da construção civil registraram variação positiva de 1% e 4,1% respectivamente.
O presidente-executivo do instituto, Marco Polo de Mello, aludiu a um quadro que compila dados sobre o histórico de alguns países quanto ao consumo da liga metálica, ao longo de 43 anos. No Brasil de 1980, a proporção média era de 100,6 kg por habitante, passando para 110,8 em 2023. A variação do país foi de 10,1%, ao passo que a da China, por exemplo, foi de 1.863%.
O país asiático foi mencionado como um fator de preocupação, por estar, na avaliação de Mello, praticando uma atividade “predatória”, dominando as exportações.
Mello afirmou que um dos temas que predominaram foi a transição energética, sobretudo pela Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças do Clima (COP29), realizada no mês passado em Baku, no Azerbaijão, e que a indústria de aço e a de ferro são responsáveis somente por 4% do volume de gases de efeito estufa emitidos pelo Brasil. Em âmbito global, a porcentagem é de 7%, frisou ele.
Ao citar os números, o representante do instituto pediu que outros ramos econômicos sejam cobrados de modo proporcional pelos danos que geram. O agronegócio, por exemplo, responde por 32% das emissões, e o setor de energia, por 24%.
Mello enfatizou, ainda, a importância de se delimitar o que é meta estabelecida pelo governo brasileiro e o que está ao alcance do setor. “Só vamos assumir metas factíveis”, declarou.
O executivo do instituto usou como exemplo os EUA que, segundo ele, após ter passado por um boom na produção de automóveis, aproveitou as unidades como sucata, que entende como uma das soluções para a transição energética.
A segunda delas, complementar, seria a utilização do hidrogênio como substituto, no processo de descarbonização do aço, o que, criticou Mello, exigiria da Petrobras uma posição “menos monopolista”. Para fechar um conjunto de ferramentas, a indústria de aço necessitaria de R$ 180 bilhões para tornar viável a transição para energia limpa.
Com informações da Agência Brasil
Fonte: Monitor Mercantil
Clique aqui para ler o texto original: https://monitormercantil.com.br/sucata-exportacao-cai-em-novembro-mas-producao-de-aco-bruto-cresceu-56-no-ano/
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