Desastre interfere na indústria e exportação gaúcha cai 19%
jun, 24, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202425
Os impactos da inundação na economia gaúcha alcançam patamares expressivos em diversos segmentos, inclusive nas vendas para o exterior. Em maio, o desempenho foi negativo, com retração de 19,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado, conforme dados da Receita Federal.
Pelo observatório da indústria, dos 23 segmentos com embarques certificados, 18 registraram queda, com três motivos preponderantes. Plantas industriais paralisadas, rotas terrestres de transporte danificadas e a interrupção dos embarques no Aeroporto Salgado Filho.
“Além de fábricas fora de operação, a infraestrutura danificada contribui para maiores custos para a indústria gaúcha, tanto em transporte como na produção. A maior parte das plantas está em municípios atingidos pelo desastre climático”, destaca o presidente da Federação das Indústrias do RS (Fiergs), Gilberto Porcello Petry.
Com as decolagens interrompidas durante maio, as saídas de produtos industriais gaúchos para o exterior tiveram uma queda de 72% no mês passado.
Conforme a Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), ainda que o faturamento tenha alcançado o faturamento 1,2 bilhão de dólares, a conjunção dos fatores adversos resultou em uma perda de 282,5 milhões de dólares à economia do RS.
Esse desempenho foi influenciado por uma menor quantidade (-18,9%) de produtos enviados ao mercado externo. Pela análise da Fiergs, a tragédia climática contribuiu para aprofundar o desempenho negativo dos embarques da indústria. Desde janeiro do ano passado há uma desaceleração nos negócios.
Importações
No mês passado, o Estado importou cerca de R$ 4,1 bilhões (772 milhões de dólares), uma retração de -41,2% referente a maio do ano passado. Pelo relatório da Fiergs, essa menor demanda gaúcha por bens intermediários e de capital sinaliza um mercado interno das indústrias com menor consumo para produção. A maior parte dos produtos importados pelo Estado foram os pertencentes ao segmento de Químicos. As empresas compraram cerca de 226,6 milhões de dólares (queda de 31,6%).
Porto de Rio Grande e aeroporto
O Salgado Filho tem mais relevância para importações do que exportações. Segundo a Inspetoria da Receita Federal, o total de produtos das empresas do RS que saíram do Estado equivalem a cerca de 1,2 milhão de dólares. Em maio de 2023, foram mais de 3 milhões da moeda americana. A comparação demonstra uma redução de 72,1% na balança comercial.
Em relação a chegada de produtos, o Estado comprou cerca de US$ 3,5 milhões. Valor ínfimo perto do histórico da importação gaúcha. Tudo por conta da interrupção dos pousos e decolagens. Em maio do ano passado, foram US$ 37,5 milhões em chegadas. O percentual representa -91,5%. O aeroporto teve as operações interrompidas em 3 de maio, e já havia certo volume embarcado antes de seu fechamento.
No Porto de Rio Grande, principal local para embarque das exportações, as operações continuaram normais apesar da situação de calamidade no município. No entanto, as rotas por rodovias das plantas industriais até a alfândega foram muito afetadas, o que elevou os custos e o tempo de deslocamento.
O gráfico abaixo utilizou dados do DataLiner para comparar exportações e importações de contêineres no Complexo Portuário do Rio Grande entre janeiro de 2021 e abril de 2024.
Exportação e Importação de Contêineres no Porto de Rio Grande | Jan 2021 – Abr 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Exportações por segmento
Alimentos
Queda de 36,5% na comparação com maio de 2023)
Motivos:
Menor quantidade (-34,2%) de envios
Preços (queda de 3,4%)
Ramos de produção
Óleos vegetais em bruto
Total: US$ 119,1 milhões
Menos US$ 160 milhões
Abate de aves
Total: US$ 101,2 milhões
Menos US$ 31,3 milhões
Principal comprador: Emirados Árabes Unidos
Abate de suínos
Total: US$ 49,4 milhões
Menos US$ 2,8 milhões
Principal mercado: China
Tabaco
Total: US$ 206,5 milhões
Elevação de US$ 58,3 milhões (39,4%)
Produção cresceu 14,3%
Preço aumentou 22%
O Processamento industrial do tabaco (US$ 196,2 milhões ou mais US$ 62,1 milhões) foi o principal destaque, com produtos embarcados principalmente para a Bélgica.
Químicos
Total: US$ 99,6 milhões
Menos US$ 3,5 milhões
Couro e Calçados
Total: US$ 70,9 milhões
Menos US$ 1,1 milhão
Veículos automotores Faturamento:
US$ 64,3 milhões
Redução de US$ 46 milhões
Máquinas e equipamentos Faturamento:
US$ 56,3 milhões
Redução de US$ 54 milhões
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